Título: Cesar Maia é o maior foco de resistência entre pefelistas
Autor: Thiago Velloso
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/03/2006, Nacional, p. A8

PFL não é sublegenda do PSDB, diz filho do prefeito; Alckmin afirma que vai procurá-lo para negociar

O líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ), disse ontem que uma aliança com o PSDB só será possível se o seu partido não for transformado numa "sublegenda", em caso de vitória do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, na eleição. Maia quer, ainda, que o conteúdo programático das duas siglas seja veiculado no programa eleitoral de Alckmin. "Não podemos fazer uma aliança na qual parte do partido não tenha a motivação necessária para derrubar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva", frisou.

O deputado, que é filho do prefeito do Rio e pré-candidato pefelista à Presidência, Cesar Maia, ressaltou que o seu partido não aceitará tratamento igual ao dispensado durante o governo Fernando Henrique Cardoso. Segundo ele, nesse período coube ao PFL assumir apenas os temas mais desgastantes.

Como o prefeito do Rio se tornou um dos maiores empecilhos para fechar a coligação, Alckmin, sensível à questão, deve procurá-lo, apesar de estar negociando com o presidente da sigla, Jorge Bornhausen (SC). "A conversa é com a direção do partido, com Bornhausen, mas vamos conversar com todas as lideranças, principalmente com o prefeito", destacou Alckmin, em seminário promovido ontem pelo PFL.

CRÍTICA

Em meio ao impasse, Rodrigo Maia aproveitou para criticar o modo como o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), está conduzindo as negociações para o lançamento da candidatura Alckmin.

"Espero que o senador Tasso Jereissati volte do exterior com mais tranqüilidade para conduzir o processo político entre o PSDB e o PFL. As últimas declarações dele são infelizes e sem educação", afirmou.

Era uma referência ao bate-boca entre Tasso e o deputado Pauderney Avelino (PFL-AM), e à declaração de que o prefeito do Rio estaria sendo um problema "muito difícil" para o fechamento do acordo entre os dois partidos. "Mais um erro daqueles e será difícil o governador Geraldo Alckmin decolar, se a cada momento o presidente do partido faz declarações que não são da posição de um presidente, mas de um político isoladamente", disparou.

Maia fez questão de lembrar que, em 2002, o seu grupo político apoiou a candidatura do prefeito José Serra à Presidência até o último momento. "Na hora em que ele (Tasso) faz crítica ao prefeito do Rio, dizendo que o prefeito é muito difícil, ele tem de lembrar da lição de 2002. Que nós, no Rio, ficamos com Serra até o final e muitos políticos tucanos abandonaram e traíram o então candidato", alfinetou o líder do PFL.

QUESTÕES REGIONAIS

Apesar dos poréns, o líder do PFL na Câmara avalia que, resolvidas as questões regionais, não deve haver grandes problemas para efetivar a aliança.

"Temos de ter candidaturas que possam gerar o melhor palanque para o candidato à Presidência. O que não achamos normal é que se deixe a questão regional de lado e depois o candidato não tenha palanque para a sua campanha", comentou.

Maia afastou também a idéia de que uma candidatura do prefeito de São Paulo ao governo do Estado seria um dos fatores condicionantes para o fechamento do acordo. "De forma nenhuma o PFL vai trocar qualquer aliança nacional pela necessidade da saída do prefeito de São Paulo. Essa é a decisão do PSDB."