Título: Aliança PSDB-PFL passa por Estados
Autor: Thiago Velloso
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/03/2006, Nacional, p. A8

Alckmin lembra que a eleição é casada e quer ajudar em acertos regionais para garantir sucesso do acordo

O governador de São Paulo e candidato à Presidência pelo PSDB, Geraldo Alckmin, reiterou ontem seu interesse pela formação de uma aliança com o PFL e elogiou a proposta do prefeito do Rio, Cesar Maia (PFL), de que se forme uma coligação nos moldes da Concertação (coalizão chilena de centro-esquerda que desde os anos 90 reúne socialistas e democratas-cristãos). O tucano esteve ontem em um seminário sobre educação promovido pelo PFL na capital paulista.

Alckmin, que não era esperado, deu mostras, com sua visita, de que se empenhará pessoalmente pela coligação. "Tudo que eu puder fazer para ficarmos juntos deve ser feito", disse, ressaltando que os acertos também passam pela definição de um programa comum.

O governador afirmou também que está disposto a fazer acertos regionais para que a aliança tenha sucesso no plano nacional. Hoje, o PFL tem candidatos ao governo em 10 Estados. Se for mantida a verticalização, isso tornará as coligações mais difíceis. "Onde pudermos estar juntos, também na eleição estadual, será melhor. Até porque essa eleição é casada", explicou, referindo-se ao pleito no Senado, na Câmara e nas Assembléias Legislativas.

TRÊS SEMANAS

O presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen (PFL-SC), espera concluir em três semanas as negociações internas do partido sobre a coligação com o PSDB. Ele aguarda até o final desta semana uma resposta do prefeito Cesar Maia sobre o fim de sua pré-candidatura. Bornhausen, que almoçou ontem com Alckmin, disse que qualquer decisão sobre a aliança só será tomada após a resposta de Maia.

Depois disso, só faltará discutir detalhes dos acertos regionais dos dois partidos. "Não há dificuldade básica para a coligação, pois ela é auto-explicável", disse Bornhausen, ressaltando que falta um acordo mais amplo em relação aos governos estaduais. "Temos cerca de 12 candidatos a governador. Se nossos candidatos tiverem mais chances, queremos que o apoio seja para eles", disse o presidente do PFL.

Bornhausen não quis discutir se a eventual candidatura do prefeito José Serra (PSDB) ao governo jogaria a favor da aliança. "Essa é uma decisão do PSDB e não nos cabe interferir", disse. "O problema não está em São Paulo, mas nos Estados onde PFL e PSDB poderão ter candidatos", disse o vice-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.

CORO

Em outro evento ontem, no bairro paulistano da Luz, o governador Alckmin foi recebido com entusiasmo por populares. Era a inauguração do Museu da Língua Portuguesa, mas o tucano quebrou o protocolo e atendeu as 50 pessoas que, atrás do alambrado, gritavam "presidente, presidente, presidente". Alckmin recebeu beijos e abraços, sempre sorridente.

O governador comentou que, na democracia, "não há eleição fácil". Depois, o governador dirigiu-se ao local em que estavam as autoridades - entra elas, o ministro da Cultura, Gilberto Gil.