Título: Passagens, combustíveis, roupas. Tudo pesa na conta
Autor: Marcelo Rehder
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/03/2006, Economia & Negócios, p. B3

Até novembro, governo gastou R$ 203 milhões em combustíveis para frota de carros oficiais

Os gastos do governo federal para manutenção da máquina administrativa - chamados de custeio - são bastante diversificados, para dizer o mínimo. No Orçamento Geral da União há exemplos de despesas que vão desde a compra de artigos de escritório, combustíveis, pagamentos de serviços técnicos terceirizados e de publicidade até a aquisição de "bandeiras e flâmulas", materiais de cama, mesa e banho e de copa e cozinha.

De acordo com um levantamento feito no Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi), pela ONG Contas Abertas, de janeiro a novembro do ano passado, o governo federal gastou cerca de R$ 203 milhões em combustíveis e lubrificantes para abastecer a frota de automóveis oficiais e outros R$ 212 milhões em combustíveis e lubrificantes de aviação, itens fundamentais para manutenção das aeronaves oficiais. O Siafi é um sistema informatizado que registra os gastos da União depois que foram efetivamente empenhados e pagos.

Entre outros gastos com custeio feitos até novembro de 2005, alguns repasses elevados de dinheiro chamam a atenção, mas são justificáveis. Um exemplo foi cerca de R$ 1,1 bilhão aplicado na compra de material de farmácia para hospitais e universidades públicas.

Outros, apesar de menores, também chamam a atenção, e são mais difíceis de entender. Somou R$ 1,1 milhão, por exemplo, a compra de bandeiras, flâmulas e insígnias, e outro R$ 1,2 milhão a aquisição de "material de caráter secreto ou reservado". Para adquirir artigos de cama, mesa e banho, a União usou cerca de R$ 9 milhões e para itens de copa e cozinha R$ 15,5 milhões.

A burocracia, que exige muito papel para documentar suas decisões, levou os custos de serviços de cópias e reprodução a atingir R$ 69,6 milhões no período. Em serviços de publicidade - institucional e de utilidade pública - foram gastos quase R$ 164 milhões.

Os pagamentos de passagens dos servidores para se deslocarem dentro do País somaram R$ 326,3 milhões e a terceirização de serviços técnicos - como marcenaria, eletricidade ou informática - custou aos cofres cerca de R$ 660 milhões. Há ainda despesas com aluguel de imóveis, R$ 173 milhões, e aluguel de máquinas e equipamentos em geral, de R$ 125,6 milhões.