Título: Palocci será indiciado também em Ribeirão
Autor: Sérgio Gobetti e Vannildo Mendes
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/04/2006, Nacional, p. A4

Depois de indiciar a engenheira Luciana Alecrim, ontem, no inquérito que investiga supostas fraudes no sistema de varrição de ruas de Ribeirão Preto, a Polícia Civil vai agora enquadrar o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci pelos crimes de peculato, falsidade ideológica e formação de quadrilha. "Vou indiciá-lo", anunciou o delegado Benedito Antonio Valencise, que dirige inquérito sobre desvio de verbas públicas na gestão de Palocci como prefeito de Ribeirão Preto (2001/2002).

O delegado atua em sintonia com a Polícia Federal, a quem Palocci deverá prestar contas antes sobre a quebra do sigilo do caseiro Francenildo dos Santos Costa. "Quando o ex-ministro for à PF vamos aproveitar para notificá-lo sobre a data de seu interrogatório e indiciamento no inquérito de Ribeirão", declarou Valencise. Ele negou divergências com a PF. "O inquérito da PF (sobre a quebra do sigilo) não nos interessa, queremos apenas intimar Palocci para ouvi-lo na nossa investigação."

Valencise sustenta que a varrição do lixo "era a forma utilizada para obtenção de vantagens ilícitas em conluio com prefeituras, pois esse tipo de serviço não é mensurável, ficando a critério da administração e da empresa o estabelecimento do serviço desenvolvido, proporcionando conseqüentemente aumento de metragem irreal".

O sistema funcionava, segundo a polícia, desde o início de 2001, "quando era prefeito Antonio Palocci".

A base da investigação que coloca Palocci como suspeito é a confissão do advogado Rogério Buratti. Ele afirmou que a Leão Leão, maior doadora de campanha do petista, pagava R$ 50 mil por mês a Palocci.

Luciana Alecrim, indiciada ontem, trabalhou no Departamento de Água e Esgoto de Ribeirão Preto (Daerp), foco do peculato segundo a polícia. Ela era subordinada à superintendente da autarquia, Isabel Bordini. O delegado disse que pelo menos três funcionários do Daerp apontaram Luciana como a pessoa que mandava alterar as planilhas com as medições de varrição. Ela teria dito que a ordem para forjar os documentos era de Isabel. À polícia, Luciana negou tudo.