Título: Chávez sobre Bush: 'Burro, covarde, bêbado, genocida'
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/03/2006, Internacional, p. A14

Presidente venezuelano não poupa críticas depois de ter sido chamado de demagogo pela Casa Branca

Reagindo a um relatório da Casa Branca que o qualificou de demagogo, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, atacou ontem o colega americano, George W. Bush, com uma longa série de impropérios.

"Come here, mister Danger (venha cá, senhor Perigo)", disse Chávez em inglês, continuando em espanhol: "Covarde, assassino, você é um genocida, um alcoólatra, um bêbado, um imoral, é o pior mister Danger, é um doentio, isto eu sei pessoalmente." Ele fez as declarações em seu programa semanal de rádio e TV Alô Presidente, transmitido do Estado de Apure.

"Você é um covarde porque não vai ao Iraque comandar suas Forças Armadas, é muito fácil comandá-las de longe", prosseguiu Chávez. "Se algum dia lhe ocorrer invadir a Venezuela, estou à sua espera nesta savana, mister Danger."

Em um de seus mais duros discursos contra o presidente americano, Chávez continuou dizendo: "Você é um covarde, mas tem muito poder, e vejam vocês o que está acontecendo no Iraque. Ontem o mundo marchou contra a guerra; nas pesquisas que vi de seu próprio povo, mister Danger, 70% estão contra você, contra a guerra, você é um mentiroso."

"Você está matando crianças que não têm culpa por suas enfermidades, seus complexos, rapaz. Seus soldados estão bombardeando cidades, ontem vimos as imagens de cinco crianças assassinadas. Elas não são as assassinas, você é o assassino, covarde."

Durante o pronunciamento, Chávez transmitiu um vídeo de manifestações realizadas na véspera contra a guerra no Iraque. Ontem ocorreram novos protestos contra o conflito (ler na página A12).

"Mister Danger, George W. Bush, you are a donkey (você é um burro)", acrescentou Chávez, assinalando que o informe divulgado no sábado pela Casa Branca demonstra que o presidente dos EUA "é o chefe da oposição" venezuelana.

O relatório americano, que trata da "força preventiva na segurança nacional", descreveu Chávez como um "demagogo" que usa a riqueza petrolífera da Venezuela para desestabilizar a democracia na região.

Os EUA estão em crescente desacordo com Chávez por causa de sua íntima aliança com Cuba e o Irã. Funcionários de Washington rejeitam suas tiradas antiamericanas como retórica destinada a atiçar o nacionalismo antes das eleições presidenciais de dezembro.

Os comentários de Chávez também surgiram depois de o jornal venezuelano El Universal ter publicado uma entrevista com o embaixador americano na Venezuela, William Brownfield, que reiterou a preocupação de seu governo com os crescentes laços entre o país sul-americano e o Irã.

As relações entre Caracas e Washington deterioram-se desde que Chávez chegou ao poder em 1999 e chegaram a seu ponto mais baixo nas últimas semanas, após a Venezuela expulsar um agregado militar americano, acusando-o de espionagem. Washington respondeu com a expulsão de uma diplomata venezuelana de alto escalão.