Título: Justiça ainda espera laudo para decidir se pune índios
Autor: Nilton Salina
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/03/2006, Nacional, p. A11

A Justiça Federal aguarda o laudo antropológico sobre 28 índios indiciados pela Polícia Federal pelo massacre de 32 garimpeiros em 7 de abril de 2004. Com o laudo, será possível saber se os índios são ou não aculturados e se têm condições de responder pela matança. Só após a emissão desse laudo, elaborado pela Funai e remetido ao Ministério Público, a ação contra os responsáveis pelos assassinatos pode ter prosseguimento.

Os guerreiros permanecem nas aldeias, mas caciques que teriam ordenado as mortes vão constantemente a Cacoal (RO), a 500 quilômetros da capital Porto Velho. Ainda há discrepâncias sobre o total de mortes na chacina. Segundo o Ministério da Justiça, foram 29 pessoas, mas o número de mortos pode ter sido maior.

Rosalina, de 22 anos, que pede para não ser identificada, visita toda semana o cemitério de Espigão do Oeste, onde foram enterrados os corpos de 24 garimpeiros, para rezar pelos mortos. Ela era noiva de Josimar Campo da Silva, que estava com o grupo assassinado em abril de 2004. O corpo dele não estava entre os que foram trazidos do garimpo ilegal pela PF.

Rosalina, que ainda guarda o enxoval, não quer falar da matança. Estava com o casamento marcado, quando o noivo disse que iria "pela última vez" à terra dos índios. Prometeu que, assim que voltasse, iria comprar uma casa e estaria preparado para o casamento. Não voltou e alguns dos mortos nunca foram identificados.