Título: Constrangimento e troca de acusações marcam reencontro
Autor: Rosa Costa e João Domingos
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/04/2006, Nacional, p. A10

Foi um encontro constrangedor, sem aperto de mãos, sem cordialidade, embora, como velhos companheiros de lutas e de partido, se tratassem sem nenhuma cerimônia por você. Frente a frente na acareação da CPI dos Bingos, Paulo de Tarso Venceslau e Paulo Okamotto exibiram suas divergências, às vezes até com deselegância.

"Você mente, mente, mente. Você fantasia, delira", respondeu Okamotto a Venceslau, por mais de uma dezena de vezes, sempre que o ex-guerrilheiro da Aliança Libertadora Nacional, ex-homem de confiança e cumpridor de tarefas do partido, o acusava, entre outras coisas, de ter montado um esquema de caixa 2 para o PT já nos anos 90.

Venceslau disse que Okamotto sempre ocupou "carguinhos". E que agora, por ser amigo e servidor do presidente Lula, chegou à presidência do Sebrae. "Agora ele não tem salário de carguinho, agora ele ganha muito", atacou. "Cheguei aonde cheguei pela força de meu trabalho", reagiu Okamotto. O senador Tião Viana (PT-AC) pediu que ele reflita logo sobre a abertura do seu sigilo.

Okamotto negou ter pedido a demissão de Venceslau da Secretaria de Finanças de São José Campos (SP). "Ele foi meu algoz", insistiu o economista, contando que a então prefeita, a hoje deputada Ângela Guadagnin, recebeu ordens da cúpula do PT para demiti-lo em 1993. "Quando fui demitido a doutora Ângela chorou. Quando a Câmara absolveu um cidadão que confessou ter pego mais de R$ 400 mil do valerioduto, ela dançou e sorriu. Ela, como o PT, também mudou."