Título: Lula cobra votação do orçamento e critica oposição
Autor: Fausto Macedo
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/04/2006, Nacional, p. A11

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou e pressionou ontem o Congresso, cobrando rápida aprovação do Orçamento para que seu governo tenha verbas e condições de executar programas sociais que - segundo explicou - não têm relação com o calendário eleitoral. Ele não falou da crise política que derrubou seu ministro mais poderoso, Antonio Palocci. Reclamou das "notícias ruins" e atribuiu à oposição responsabilidade pelo "prejuízo ao Brasil e à sociedade".

Não apontou nomes de políticos nem de partidos adversários, mas a eles se referiu: "As pessoas podem brigar, podem falar mal do governo, que não tem problema. Mas votem, votem (o Orçamento). Vamos fazer a lição de casa e depois fazer a política de xingamento. Não tem nenhum problema. Todos nós estamos habituados a isso."

Sua platéia eram empresários que participaram, em São Paulo, da cerimônia de abertura da Semana Internacional da Construção e Iluminação, mais dois ministros (o de Cidades, Marcio Fortes, e o do Desenvolvimento, Luiz Furlan), o prefeito da capital, Gilberto Kassab (PFL), e o de Jandira, Paulo Henrique Barjud (PT), o Paulinho Bururu.

Lula recorreu a Chacrinha, o comunicador, e a Mandrake, o mágico das histórias em quadrinhos, para falar da importância da divulgação dos feitos de sua gestão e para assegurar que não vai permitir "nenhuma mágica" na economia. "Quem não se comunica se trumbica", disse o presidente, que fez propaganda do Luz para Todos, aposta sua para 2006. Segundo ele, o programa já levou iluminação para 2,65 milhões de brasileiros.

Queixou-se muito do Congresso, que estaria emperrando suas realizações ao atrasar a votação do Orçamento. "No Brasil, por incrível que pareça, num ano eleitoral ao invés de as coisas andarem para frente, elas andam para trás, porque durante 6 meses você não pode fazer muita coisa", declarou. "Tenho dito todo santo dia, nós não podemos permitir que qualquer que seja a temperatura do processo eleitoral, e sempre é quente, não podemos permitir que isso mexa ou crie qualquer embaraço na economia brasileira, no setor produtivo e na geração de riquezas ."

MÁGICA

Lula disse que optou por "não fazer mágica" na economia. "Nós optamos por não colocar um Mandrake para dirigir a economia brasileira. Colocamos alguém que pensasse este país para os próximos 15 ou 20 anos e o resultado positivo disso depende exclusivamente de nós. Não depende de candidato a deputado, a governador, a presidente da República, a senador."

De novo, o Congresso foi seu alvo. "Temos de votar a lei geral das micro e pequenas empresas que está lá no Congresso há muito tempo. O que não pode é as coisas importantes não serem votadas. Se o orçamento tivesse sido votado o ano passado nós já teríamos colocado mais R$ 4, 3 bilhões na educação. Como não foi aprovado, nós não colocamos quatro meses desse dinheiro na educação."

Reiterou as críticas aos oponentes, sem citar o nome deles, e pediu ajuda dos empresários para pressionar deputados e senadores. "Não é porque tem um ano eleitoral que as pessoas acham que prejudicando o Brasil vão prejudicar o governo. O governo é uma coisa muito passageira, tem data para entrar e data para sair. Quem é infinito é a sociedade. É preciso que vocês ajudem."

"Por que não votaram o orçamento?", insistiu. "Ah, não podemos votar porque não vamos dar dinheiro para o governo gastar porque é um ano eleitoral. Ora, isso prejudica é a sociedade brasileira e este País. Eu espero que esta semana votem."