Título: OMS quer prova da eficácia do Tamiflu contra gripe aviária
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Fonte: O Estado de São Paulo, 18/03/2006, Vida&, p. A36

Em Israel, 3 pessoas são internadas com suspeita de infecção por H5N1

GENEBRA

A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou ontem que está solicitando novos estudos para determinar a eficiência do Tamiflu - remédio produzido pelo laboratório suíço Roche -, no combate à gripe aviária entre humanos. Segundo a OMS, ainda não existem provas concretas de que o produto seja de fato o mais adequado para deter uma pandemia.

A organização não recomenda, porém, a suspensão do uso do antiviral. A OMS vem pedindo que os governos façam estoques de remédios contra a influenza e indica, entre as possibilidades, o Tamiflu.

TESTES ANTERIORES

Duas pesquisas já publicadas relativizam a utilidade do Tamiflu para deter uma pandemia humana de gripe aviária.

Um relatório elaborado pelo instituto de pesquisa anglo-italiano Cochrane Vaccines Field, e publicado na revista especializada britânica The Lancet em janeiro, concluiu que nenhum dos remédios existentes contra a gripe seria de grande eficácia e que é enganoso esperar frear uma pandemia apenas recorrendo a medicamentos. Além do Tamiflu, o estudo abrangeu o Relenza, da GlaxoSmithKline, a amantadina e a rimantadina.

Em fins de dezembro, uma pesquisa do Hospital para Doenças Tropicais da Universidade de Oxford na cidade de Ho Chi Minh, no Vietnã, indicou que o vírus H5N1 se mostrou resistente ao Tamiflu por sua capacidade de mutação. O trabalho, divulgado no New England Journal of Medicine, relata que quatro de oito pacientes com gripe aviária no Vietnã morreram, mesmo tratados com Tamiflu.

A cautela da OMS foi explicitada um dia depois de a Roche informar que, até o final deste ano, com a ajuda de 15 novas empresas em 9 países, ampliará sua produção de Tamiflu em 33%, para 400 milhões de tratamentos por ano.

Em 2005, o Tamiflu rendeu US$ 1,16 bilhão à Roche. Os negócios com o antiviral foram os que mais cresceram em 2005, ante 2004: 370%. A produção do antiviral foi multiplicada por 10 desde 2002.

ISRAEL E SUÉCIA

Três homens foram internadas ontem em Israel, no Centro Médico Soroka, em Beersheba, com sintomas semelhantes aos da gripe aviária. Todos - um tailandês e dois beduínos - trabalhavam em granjas de dois kibutzim no deserto do Neguev, perto da Faixa de Gaza.

Nas granjas, cerca de mil perus e frangos morreram recentemente. Autoridades israelenses confirmaram ontem que foi o vírus H5N1 o responsável pela morte das aves. Veterinários agora investigam a possibilidade de que a doença tenha afetado também o kibutz de Nachshon, a apenas 25 quilômetros de Jerusalém, onde vários perus também morreram nos últimos dias.

As autoridades da Suécia notificaram um foco do vírus H5 da gripe aviária em um pato numa fazenda de caça, "altamente suspeito" de pertencer ao tipo H5N1. Amostras foram enviadas ao laboratório de referência de Weybridge, no Reino Unido. Caso se confirme a suspeita, será o segundo caso em estabelecimento comercial na União Européia, depois do foco confirmado na França em fevereiro.