Título: PIB do agronegócio recua 4,66%
Autor: Fabíola Salvador
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/03/2006, Economia & Negócios, p. B9

O ano passado foi o pior desde 1999, lamenta a CNA, mas, segundo o IBGE, o setor teve alta de 0,8%

O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro somou R$ 537,63 bilhões no ano passado, queda de 4,66% na comparação com os R$ 563,89 bilhões em 2004. Em valores nominais, a perda foi de R$ 26,26 bilhões, informou ontem a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA),com base em estudo feito em parceria com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP). "O ano de 2005 apresentou os piores resultados para o agronegócio brasileiro nos últimos 6 anos", informou o chefe do Departamento Econômico da CNA, Getúlio Pernambuco.

Recentemente, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o PIB da agropecuária tinha crescido 0,8% no ano passado. Diante da diferença nas estimativas, Pernambuco voltou a insistir que o instituto terá de rever seus números.

A análise da CNA mostra que os produtores rurais foram os que mais perderam no ano passado. "Sem renda, eles deixaram de comprar insumos, de investir na produção e, com isso, geraram um ciclo de perda para todo o agronegócio", argumentou Pernambuco.

De forma isolada, a agricultura foi o segmento que registrou as maiores perdas no ano passado. O PIB da agricultura caiu de R$ 100,78 bilhões em 2004 para R$ 85,20 bilhões no ano passado, queda de 15,46%.

A pecuária teve PIB de R$ 67,84 bilhões, com queda de 1,49% sobre os R$ 68,87 bilhões em 2004. O conjunto da agropecuária teve PIB reduzido de R$ 169,65 bilhões para R$ 153,04 bilhões, com queda de 9,79% entre 2004 e 2005.

Pernambuco disse que agricultura foi o segmento que enfrentou os piores prejuízos em decorrência de uma conjunção de fatores, como perda de safra, elevação da oferta internacional de produtos agrícolas e câmbio desfavorável para as exportações. "Com o real valorizado, a produção brasileira teve sua competitividade reduzida, diminuindo os preços recebidos pelos produtores."

GRIPE AVIÁRIA

Para evitar mais problemas para os avicultores e suinocultores, o Ministério da Agricultura anunciou ontem a liberação de R$ 300 milhões para operações de Empréstimo do Governo Federal (EGF), que é uma linha para estocagem, para o milho. Segundo o secretário de Política Agrícola, Ivan Wedekin, o governo está preocupado com os efeitos da gripe aviária nos preços das carnes de aves e suínos devido à queda nas exportações. Os empréstimos terão encargo de 8,75% ao ano.

O secretário explicou como os produtores de frango e suíno serão beneficiados pela medida. "Trata-se de um mecanismo que permitirá, indiretamente, a estocagem de aproximadamente 300 mil toneladas de carnes de aves e suínos, pois o milho dado como garantia do financiamento poderá ser substituído, numa segunda etapa, por carne estocada", informou Wedekin.