Título: Presidente pede que oposição não atrapalhe
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Fonte: O Estado de São Paulo, 18/03/2006, Nacional, p. A6

Lula diz que precisa trabalhar e política não pode ser feita com o esôfago

Em sua visita a cidades catarinenses, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva acusou a oposição de desejar que o País chegue ao fim do ano em situação muito ruim e apelou aos adversários para que deixem o governo em paz. "Pelo amor de Deus, permitam que a gente conclua o nosso trabalho", disse, num pedido aos opositores, ao final de uma cerimônia alusiva às obras de recuperação e modernização do Porto de São Francisco do Sul, ontem. "Não atrapalhem porque quem vai perder vai ser o povo trabalhador desse país", reclamou, lembrando que "é justo e democrático fazer oposição, mas política tem que ser feita com sabedoria, serenidade e não com o esôfago".

No discurso, voltou comparar a situação que vive com a época do ex-presidente Juscelino Kubitschek. "Se (aquele momento) fosse transportado para hoje, vocês iam perceber que é a mesma coisa. Tem um tipo de político que quer trabalhar e tem um tipo que não quer que você faça", afirmou. O presidente disse que o mesmo tipo de gente que acusava Juscelino está atacando seu governo desde o ano passado. Lula revelou que enfrenta as acusações de corrupção contra seu governo e seu ministro da Fazenda com paciência. "Tem que contar até 10, pensar muito em Deus e sempre acreditar que a verdade vai aparecer."

Em outro momento Lula falou em sonhos. Disse que há projetos que não podem ser feitos em 4 ou 8 anos, referindo-se a programas governamentais. Também deixou uma frase enigmática no ar, ao comentar a realização dos sonhos dos administradores do Porto de São Francisco do Sul. "Duro é quando a gente sonha um sonho bem gostoso e acorda ou esquece do sonho ou descobre que a realidade não é tão boa quanto a gente tá vendo."

Prometeu trabalhar com seriedade para que o País não volte a ter os dissabores do passado. "Se alguém não está gostando, paciência", reafirmou. "O que eu quero saber é no dia 31 de dezembro, quando terminar o meu mandato, comparar o Brasil do meu governo com o Brasil que eu herdei para a gente saber o que aconteceu."

No discurso que fez em Itajaí, deixou transparecer algumas vezes a idéia de que precisa de mais tempo para transformar seus projetos em realidade. "Entre a gente decidir uma coisa e ela acontecer leva tempo", ressaltou. Citou que uma árvore necessita de anos de cultivo para dar sombra e tudo pode ser destruído em meio minuto por uma motosserra.

No terceiro município catarinense que visitou ontem, Laguna, Lula fez um discurso típico de campanha. Listou uma série de realizações de seu governo, sobretudo investimentos e programas em Santa Catarina e ressaltou, sem citar nomes, que apesar dos esforços "tem gente que critica". Antes de inaugurar a ampliação do terminal pesqueiro, pegou uma lula e posou para os fotógrafos.