Título: Montadoras são contra concessões na OMC
Autor: Jamil Chade
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/03/2006, Economia & Negócios, p. B10

A indústria automobilística deixou claro ao governo brasileiro que não está disposta a fazer concessões nas negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC) para a redução de suas tarifas de importação. O Brasil vem sendo pressionado pelos países ricos a abrir seu mercado como resultado de um processo que deve estar concluído no final do ano.

No caso brasileiro, o primeiro setor que terá suas tarifas reduzidas será o automobilístico, caso o governo aceite flexibilizar as taxas de importação.

Em Londres, no fim de semana, durante a reunião ministerial entre os seis principais atores nas negociações da OMC, as delegações brasileira e indiana foram pressionadas pelos europeus e americanos a apresentarem suas propostas de cortes de tarifas para a importação de bens industriais. Informalmente, o Brasil indicou que aceita um corte de 50%, mas não colocou a proposta no papel. Durante o encontro, os ricos pediram um corte de 65%.

O setor mais atingido, no caso brasileiro, seria o de veículos, já que suas tarifas são as mais altas. O setor insiste em que deve fazer parte da lista de produtos sensíveis que cada país poderá pedir à OMC. Mas no governo a percepção é de que algo terá de ser flexibilizado e o setor deveria iniciar um debate interno sobre quais tarifas poderão ser reduzidas. Um entendimento na OMC estabeleceu há meses que nenhum país poderá excluir todo um setor da liberalização, mesmo se o considerar sensível.

Brasília admite que o setor automobilístico acabará na lista dos produtos sensíveis de vários países emergentes, mas sabe que, mesmo assim, alguma abertura terá de ocorrer para satisfazer os países ricos.