Título: IBGE vê indústria paulista em ritmo lento
Autor: Jacqueline Farid
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/03/2006, Economia & Negócios, p. B5

Dados de janeiro indicam que São Paulo ficou abaixo da média do País

A indústria paulista iniciou o ano de 2006 em acomodação e puxou para baixo os indicadores nacionais. Dados da produção industrial regional divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a atividade do setor em São Paulo cresceu 1,7% em janeiro ante igual mês de 2005, abaixo da expansão de 3,2% ocorrida na média das 14 regiões pesquisadas. Houve aumento em 12 locais e quedas pontuais no Paraná e no Rio Grande do Sul.

A economista Isabella Nunes, da coordenação de indústria, explica que em São Paulo houve apenas uma ligeira aceleração do quarto trimestre para janeiro. A produção local havia crescido 1,5% no quarto trimestre de 2005 ante igual período do ano anterior e ampliou a alta para 1,7% no primeiro mês deste ano. Para essa pesquisa, não há dados comparativos com mês anterior.

A avaliação de Isabella é que a indústria paulista iniciou o ano "mostrando praticamente o mesmo ritmo do quarto trimestre, claramente em acomodação". Ela disse que os dados relativos a São Paulo em janeiro descartam a possibilidade de que tivesse ocorrido um descolamento da indústria paulista para cima em relação às outras regiões em janeiro.

A perspectiva de que a produção paulista, responsável por cerca de 40% do total do País, tivesse apresentado desempenho bem melhor do que a média em janeiro foi levantada por técnicos do IBGE e pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).

A análise era uma resposta à diferença entre os dados nacionais do IBGE divulgados na semana passada e o Indicador de Nível de Atividade (INA), referente à indústria paulista, que mostrou forte aquecimento do setor na região em janeiro.

Segundo Isabella, os dados do IBGE mostram que a diferença entre os dados está relacionada às distinções metodológicas entre a pesquisa do instituto e o INA, apurado pela Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp). Ela explica que os dados da Fiesp não incluem produção, mas uma mistura entre vendas, horas trabalhadas e nível de utilização de capacidade.

No caso dos demais dados regionais, Isabella disse que houve ganho de ritmo na indústria em relação ao último trimestre de 2005. Ela explica que, na comparação com iguais períodos de ano anterior, os dados da produção industrial mostram que esse movimento de pequena aceleração ocorreu na maioria das regiões pesquisadas.

"A tendência de crescimento da produção não se alterou com o resultado negativo de janeiro (queda de 1,3% ante dezembro na indústria nacional, na série com ajuste sazonal)", disse Isabella. Em janeiro, ante igual mês de 2005, Pará (10,7%), Espírito Santo (10,1%), Ceará (9,9%), Bahia (6,6%), Rio de Janeiro (5,8%), Amazonas (5,6%), Minas Gerais (5,2%) e Pernambuco (4,3%) assinalaram taxas acima da média nacional. Os demais locais, com aumentos abaixo da média nacional, foram Santa Catarina (2,1%), Região Nordeste (1,9%), São Paulo (1,7%) e Goiás (1,2%).

Somente as indústrias do Rio Grande do Sul (-2,0%) e do Paraná (-5,3%) apresentaram redução na atividade, nessa base de comparação. Segundo Isabella, essas quedas ocorreram por causa de quedas pontuais em veículos automotores no Paraná e em refino de petróleo na indústria gaúcha.