Título: Comissão aprova acareação entre Okamotto e Venceslau
Autor: Rosa Costa
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/03/2006, Nacional, p. A11

Ex-petista disse que amigo de Lula achacava empresários para ajudar PT

Protegido por liminares do Supremo Tribunal Federal (STF) que impedem a quebra de seu sigilo bancário, fiscal e telefônico, o ex-caixa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e atual presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Paulo Okamotto, terá de retornar à CPI dos Bingos.

Em data ainda a ser marcada pela comissão, ele será obrigado a enfrentar uma acareação com o economista Paulo de Tarso Venceslau, ex-secretário de Finanças das prefeituras petistas de Campinas e São José dos Campos.

Proposta pelo senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) e aprovada com o voto de Minerva do presidente da comissão, Efraim Morais (PFL-PB), a acareação obrigará Okamotto se explicar sobre as acusações feitas por Venceslau. O economista o acusou de achacar empresários em proveito do caixa 2 do PT. "Ele era um pau-mandado", afirmou Venceslau quando depôs na CPI.

DESCUIDO

Okamotto limitou-se a dizer que a acusação não procede. O requerimento de Antero foi aprovado graças a um descuido dos governistas. Eles confiavam no voto contrário do pedetista Augusto Botelho (RR), que terminou votando com a oposição. O senador Tião Viana (PT-AC) reclamou em voz alta pela decisão do colega.

A acareação foi o troco da oposição, após os governistas terem derrotado o requerimento do senador José Jorge (PFL-PE) pela reconvocação de Okamotto para depoimento na comissão. O senador pretendia questioná-lo sobre o pagamento dos R$ 29 mil que ele fez ao PT em nome do presidente e sobre o fato de também ter quitado uma dívida de R$ 26 mil de Lurian Cordeiro, filha de Lula.

Entre os argumentos utilizados pela CPI para justificar a necessidade de quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico de Okamotto estava a entrevista dada pelo ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) para o Estado. Jefferson disse que "a ligação pessoal, de pagar as contas do presidente, da filha do presidente, se dá através" do presidente do Sebrae. O ex-deputado também afirmou que, se for quebrado o sigilo de Okamotto, "a situação do presidente Lula pode se complicar".

A CPI dos Bingos aprovou ainda requerimento do líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), convocando para depor o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares.