Título: Jutahy reúne bancada para cicatrizar feridas e unir esforços contra governo
Autor: Ana Paula Scinocca
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/03/2006, Nacional, p. A6

Um dia após a decisão do PSDB de indicar o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, para disputar a Presidência, a bancada do partido na Câmara manifestou apoio ao escolhido e pregou unidade, em reunião promovida ontem à noite a pedido do líder Jutahy Júnior (BA).

Até anteontem defensor ferrenho da candidatura do prefeito José Serra a presidente, Jutahy deu o tom de entendimento que espera ver consolidado no partido: "A decisão não permite mais que haja dúvida em relação à nossa unidade", ressaltou. "O nosso adversário é o presidente Lula e o governo."

O líder tucano comentou ainda que o objetivo central do partido é "não permitir que o Brasil continue sendo governado de forma cínica e medíocre". Durante a reunião, Alckmin telefonou para o deputado e agradeceu pelo apoio da bancada.

O presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), aproveitou para relatar o estado de espírito de Serra. "Ele está triste. Isso demonstra o maior gesto de desprendimento. Ele está triste porque queria ser (o candidato). Fez isso pelo partido e pelo País."

Para o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), é hora de "cicatrizar todas as feridas e lutar com disposição".

A reunião foi pontuada por sugestões para que Serra aceite o desafio de concorrer ao governo paulista, além de críticas a Lula. "Temos a consciência de que não podemos deixar nossos filhos, o futuro do País, por mais quatro anos nas mãos dessa gente que está governando o País", alfinetou Tasso.

RECONHECIMENTO

O deputado Júlio Redecker (PSDB-RS) foi um dos que defenderam a indicação de Serra para disputar o cargo de governador. "Pelo reconhecimento administrativo de Serra, quem sabe ele possa considerar ser o candidato ao governo de São Paulo", afirmou.

"Serra fará um trabalho sério, histórico, em São Paulo. Seja na Prefeitura ou no governo", emendou o deputado Ronaldo Cezar Coelho (PSDB-RJ).

Mesmo se dizendo amigo de Serra, Coelho elogiou a opção por Alckmin. Segundo o deputado, se o prefeito fosse candidato, poderia criar uma imagem de revanche de 2002 e levantaria comparações entre os governos de Fernando Henrique Cardoso, no qual Serra foi ministro, e do PT. Além disso, Coelho ressaltou que, por trás da imagem de Alckmin, está a importante herança do governador Mário Covas, morto há cinco anos.