Título: Em 3 meses, imagem se inverte
Autor: Carlos Marchi
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/03/2006, Nacional, p. A4

A imagem do governo Lula deu um salto e tanto. Em três meses, segundo apurou a rodada da pesquisa CNI/Ibope, o governo inverteu todos os índices que o tinham arrastado ao fundo do poço, na torrente do escândalo do mensalão e seus sucedâneos. Agora, a maioria do eleitorado - 55% (42% em dezembro de 2005) - passou a aprovar o governo, enquanto uma minoria, 39% (52% em dezembro) o desaprova. A recuperação da imagem do governo se dá em todos os segmentos, nas cinco regiões do País e em todas as faixas socioeconômicas.

O "ótimo/bom" nesse quesito chegou em março a 38% (29% em dezembro de 2005), recuperando o nível de um ano atrás, antes do escândalo do mensalão; o "ruim/péssimo" caiu para 22% (32% em dezembro), o que dá ao governo um saldo positivo de 16 pontos porcentuais. A ascensão da imagem do governo tem como suporte as regiões Nordeste e Norte/Centro-Oeste, os jovens (16 a 24 anos), os que ganham até um salário mínimo, os municípios do interior e a maioria das faixas de escolaridade. O governo continua com saldo negativo apenas entre os que têm curso superior.

Os que declaram não confiar no presidente Lula já foram 53% há três meses e hoje caíram para 43%; no sentido contrário, os que dizem confiar, que eram 43% em dezembro, hoje são 53% - uma inversão precisa de números. Hoje, 31% dos eleitores dizem que o governo Lula é melhor do que eles esperavam, contra 36% que o consideram pior. Na comparação entre os dois últimos governos, 52% acham que o atual é melhor que o de FHC e 23%, o contrário.

Saúde e educação, englobadas no tema "programas sociais", são as áreas em que o governo é mais bem avaliado - 55% do eleitorado aprova a gestão nessas áreas e 41% desaprova. Já no combate à fome e à pobreza, 51% aprovam e 45% desaprovam.

Todas as outras áreas têm avaliações negativas. O combate ao desemprego - área mais solicitada do próximo presidente -, por exemplo, tem aprovação de 38% e desaprovação de 57%.

O teste de memória do eleitorado, feito pela pesquisa, desaprovou o brasileiro. Apenas 15% se lembram de notícias sobre "acusação de que o PT dava mesada a parlamentares" ou "denúncia de que parlamentares recebiam R$ 30 mil por mês para votar com o governo". Outro índice significativo mostra que 13% se lembram de notícias sobre "viagens do presidente Lula ao exterior".

Daí para baixo, todos os índices são irrelevantes: nem as notícias negativas (principalmente as que informaram atos de corrupção) nem as positivas (inclusive a operação tapa-buraco e os comentários de Lula sobre a seleção de futebol) se fixaram na memória do eleitor.