Título: Lula aumenta vantagem sobre Alckmin, indica pesquisa Ibope
Autor: Carlos Marchi
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/03/2006, Nacional, p. A4

Levantamento, feito antes de o PSDB definir seu candidato, indica melhora na imagem do governo

Pesquisa CNI/Ibope divulgada ontem mostrou que, a seis meses e meio das eleições, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva venceria o candidato escolhido pelo PSDB, o governador Geraldo Alckmin em duas simulações testadas (46% a 22% numa e 43% a 19% em outra). Lula está sendo beneficiado por expressiva melhoria nas avaliações do governo. Nas simulações testadas pelo Ibope ele venceria Alckmin no primeiro turno.

A disputa iria para o segundo turno apenas nas simulações contra o prefeito José Serra, que já está fora da disputa. Todos os candidatos listados caíram, só Lula subiu. A sondagem foi feita entre os dias 8 e 11, antes da escolha de Alckmin.

A pesquisa perguntou ao eleitor qual deve ser a prioridade no programa do próximo presidente da República - e as duas respostas mais significativas foram "geração de empregos" (58%) e "investimentos em educação e saúde" (41%).

O "combate à corrupção", um tema que havia bem pouco tempo sensibilizava profundamente o eleitorado, caiu para a rabeira das questões nacionais e foi apontado como prioridade por apenas 18% dos eleitores. Acima da questão da corrupção, está a "distribuição de benefícios para a população carente, como Bolsa-Família" (20%). A "redução dos impostos" só importa para 15%.

Paradoxalmente, embora não eleja o combate à corrupção como prioridade, o eleitorado indica que "ser honesto" (60%) é a característica mais importante no próximo presidente. "Ser competente" só é exigido por 40% dos eleitores; "ser inovador e moderno", uma qualidade fundamental para propiciar reformas e mudanças, só é cobrado por 6% e "ser experiente", essencial à boa governabilidade, só vale para 8%.

Embora despreze a importância do "inovador e moderno", o eleitor brasileiro (54%) quer que o próximo presidente "faça mudanças profundas na política econômica em vigor". Na outra metade da laranja, 24% querem que o próximo governo "mantenha as linhas gerais da atual política econômica, fazendo alguns ajustes", e apenas 16% se declararam satisfeitos com a atual condução da economia e não reclamaram mudanças pelo futuro presidente.

CENÁRIOS ELEITORAIS

A pesquisa CNI/Ibope trabalhou com quatro cenários eleitorais, cruzando os candidatos Serra e Alckmin, do lado do PSDB, e o governador Germano Rigotto e o ex-governador Anthony Garotinho, do lado do PMDB. Em sua margem mais larga, Lula chega aos 46% no primeiro turno contra Alckmin (22%), Rigotto (3%) e a senadora Heloísa Helena (8%), sem contar os votos nulos, brancos e indecisos.

No cenário mais apertado, Lula venceria Serra por 42% a 35%, com Rigotto alcançando 2% e Heloísa Helena, 5%. Na terceira simulação, Lula chega aos 43%, Alckmin ficaria com 19%, Garotinho com 14% e Heloísa com 5%. E, na quarta, Lula venceria Serra por 40% a 31%, com Garotinho ficando nos 8% e Heloísa caindo para 4%.

Numa simulação hipotética de segundo turno (já que a eleição se resolveria na primeira etapa), Lula venceria Alckmin por 49% a 31%, com uma vantagem de 18 pontos porcentuais - em dezembro de 2005, a diferença era de apenas 4 pontos (41% a 37%). Já contra Serra, Lula, que perdia na última CNI/Ibope, virou o jogo, mas a parada ainda seria dura: 44% a 40%, com empate técnico - era de 48% a 35% para Serra em dezembro.

A CNI/Ibope foi a campo entre os dias 8 e 11 de março e ouviu 2.002 eleitores em 143 municípios, com margem de erro de 2,2 pontos porcentuais.