Título: CNI revê para cima alta do PIB
Autor: Renata Veríssimo
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/04/2006, Economia & Negócios, p. B3

A atividade industrial mostrou forte expansão em fevereiro e interrompeu a tendência de queda de três meses consecutivos, indicam dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI). O coordenador da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, disse a indústria conseguiu desovar seus estoques acumulados no final do ano passado e voltou a produzir para atender o aumento da demanda.

As horas trabalhadas na indústria - que mostram o ritmo da produção - cresceram 2,08% em fevereiro, na comparação com janeiro, descontando os efeitos sazonais.

Com os dados do primeiro bimestre bem melhores que o esperado, a CNI vai rever para cima a previsão de crescimento da economia brasileira e do Produto Interno Bruto (PIB) industrial para este ano. Os novos números devem sair na segunda quinzena. No fim do ano passado, a CNI projetou crescimento de 3,3% do PIB nacional e de 4,2% para o industrial. "As perspectivas para os próximos meses são bastante positivas", disse Paulo Mol.

A CNI, no entanto, não vê no aumento da demanda uma ameaça para o controle da inflação. Castelo Branco disse que o nível de utilização da capacidade instalada, em torno de 80%, é bastante confortável para garantir o atendimento da demanda. Ele acredita que as indústrias devem aumentar os investimentos para ampliar a capacidade de produção.

Nos últimos meses a indústria se beneficiou com a redução nos custos financeiros, com a queda da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) e da taxa básica de juros. Castelo Branco não vê motivos para que o Banco Central reduza o ritmo de corte de juros por um suposto temor de que o aumento da demanda possa ser uma ameaça ao controle da inflação.

As vendas da indústria caíram 0,44%, mas o economista Paulo Mol acredita que houve apenas uma acomodação das vendas após um período de crescimento intenso nos últimos meses.

"Não é perda de dinamismo, tampouco reversão da trajetória de crescimento", garantiu. Ele acredita que os resultados de março já devem mostrar recuperação das vendas. A CNI acredita que o cenário abre espaço para a geração de novos empregos no setor, sobretudo no segundo semestre.