Título: Para FMI, desequilíbrios globais são insustentáveis
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Fonte: O Estado de São Paulo, 05/04/2006, Economia & Negócios, p. B4

O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Rodrigo Rato, rogou aos líderes mundiais que adotem medidas para equilibrar o comércio global e eliminar uma crescente ameaça à economia mundial. Os desequilíbrios comerciais globais - o enorme déficit comercial dos Estados Unidos e os superávits dos países da Ásia e dos exportadores de petróleo - são insustentáveis, disse ele.

Uma reversão abrupta desses desequilíbrios - desencadeada por uma queda do consumo nos EUA ou o afastamento dos investidores dos ativos americanos - pode resultar numa crise financeira e recessão global, disse ele. Os EUA devem economizar mais e a Europa, Ásia e países exportadores de petróleo devem consumir e investir mais.

"Se um ajuste desordenado ocorrer, sairá muito caro para a economia mundial", disse Rato em conferência na Universidade Harvard. Esses alertas não são novos. Há anos o FMI vem dizendo aos EUA para economizar mais e também já recomendou às economias da Ásia que aumentem a demanda doméstica e permitam que forças do mercado tenham maior influência nas taxas de câmbio, para que os preços das importações e exportações possam mudar e ajudar a equilibrar o comércio mundial. Mas o desequilíbrio vem crescendo e, da mesma forma, a ameaça à economia mundial, disse Rato.

O diretor-gerente do FMI discorda dos que argumentam que os desequilíbrios comerciais vão persistir indefinidamente ou se dissipar sozinhos. "Acho essas avaliações otimistas para o ponto de uma cegueira obstinada."

A falta de ação das autoridades ao redor do mundo reforça a necessidade de reformas no próprio FMI, para tornar sua supervisão e advertências mais eficazes, disse Rato. O Fundo vai organizar uma conferência sobre os desequilíbrios mundiais pouco antes da reunião do órgão no fim do mês, acrescentou.