Título: Costa admite atraso na escolha da TV digital
Autor: Gerusa Marques
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/04/2006, Economia & Negócios, p. B8

O ministro das Comunicações, Hélio Costa, disse ontem que ainda há condições de iniciar neste ano, em dezembro, a operação comercial da TV digital. Mas ele concorda que não dá para cumprir a previsão inicial do governo, que pretendia inaugurar a transmissão digital comercialmente no dia 7 de setembro. "A nossa previsão, em janeiro, era para setembro. Como estamos em abril, então nós empurramos esse cronograma para, no mínimo, novembro, ou começo de dezembro", afirmou Costa, após participar do lançamento de um projeto de telefonia para portadores de deficiência, com recursos do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust).

O atraso na entrada da operação comercial da TV digital é conseqüência da demora do governo em decidir qual padrão tecnológico adotará no Brasil: o japonês, o europeu ou o americano.

Segunda-feira completam-se dois meses desde a primeira previsão de anúncio do padrão, marcada inicialmente para 10 de fevereiro. "Você não pode dizer para o presidente o que ele vai fazer, tem de esperar. O presidente sabe direitinho a hora que ele vai anunciar."

Segunda-feira, o diretor de Engenharia da Globo, Fernando Bittencourt, afirmou que as emissoras precisam de um prazo de um ano a um ano e meio para iniciarem a operação comercial a partir da definição do padrão tecnológico.

"No começo do ano, falávamos que precisávamos de tempo hábil para a implantação do sistema, na medida em que o tempo está passando, vai dificultando o cronograma, mas eu acho que ainda há tempo de se colocar comercialmente este ano", reiterou o ministro.

Costa disse que está aguardando a autorização do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que uma comissão de ministros vá, na próxima semana, ao Japão e à Coréia do Sul negociar a instalação de uma fábrica de semicondutores no País.

Há, entretanto, a sugestão de que a comitiva passe também pela Europa, já que empresas européias como a Philips e a ST Microelectronics também mostraram interesse em produzir semicondutores no Brasil. "Na medida em que ele (presidente) autorizar nossa viagem, vamos sentar e definir o roteiro."

O programa anunciado ontem por Costa deverá beneficiar 3 milhões de portadores de deficiências e 920 instituições, onde serão instalados aparelhos para surdos e cegos.

Os deficientes auditivos poderão se comunicar por meio de um telefone com teclado e visor.

Já os deficientes visuais terão acesso a computadores, ligados à internet em banda larga, com aplicativos que transformam em áudio o texto que aparece na tela.

A proposta ficará em consulta pública por 10 dias e a previsão é de que em 45 dias sejam concluídas as regras para a sua implantação. A portaria, lançando a consulta pública, é a primeira impressa em braile.

Para o projeto estão previstos R$ 7 milhões de recursos do Fust. "Vai ser a primeira vez que vamos usar os recursos do Fust", disse o ministro, prevendo para o segundo semestre um outro projeto, desta vez para levar telefone fixo a 70 mil escolas públicas da zona rural e a 30 mil escolas nos centros urbanos