Título: Até junho, controle era de Jefferson
Autor: Felipe Werneck
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/04/2006, Economia & Negócios, p. B9

A Delegacia Regional do Trabalho do Rio de Janeiro (DRT-RJ) foi, até junho de 2005, território controlado pelo então presidente do PTB, Roberto Jefferson, que acabou cassado, no ano passado, no episódio do mensalão. Até então - e antes da denúncia do suposto pagamento de suborno aos parlamentares pelo governo -, o delegado regional do Trabalho no Estado era Henrique Barbosa de Pinho e Silva, empossado em 11 de abril de 2003. Ele deixou o posto sob as denúncias contra o padrinho político petebista, que estouraram depois que um diretor dos Correios foi filmado recebendo dinheiro, no episódio de corrupção que abriu a maior crise da atual administração.

Jefferson controlava a DRT fluminense desde o governo Fernando Henrique, nos anos 90, num reinado prolongado, que exasperava os sindicalistas ligados à Central Única dos Trabalhadores, controlada por sindicatos ligados ao PT. Eles julgaram ver sua chance chegar quando Lula derrotou o tucano José Serra em 2002, e se prepararam para assumir a repartição. Como de costume, porém, os petistas de dividiram. A Articulação, grupo de Lula, defendeu o professor Adeilson Telles. A esquerda do PT fluminense fechou com o advogado Wadih Damous, que teve o apoio do então ministro do Trabalho, Jacques Wagner. Os dois grupos pregavam contra o domínio de Jefferson no quadro da fiscalização trabalhista no Estado.

Não adiantou. O então ministro da Casa Civil, José Dirceu, derrotou sindicalistas do PT e Wagner, atendeu a Jefferson e impôs o nome de Pinho, como parte do pacote que incorporou o PTB à base de apoio ao presidente Lula, no qual entraram diretorias no Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) e outras estatais, como os Correios. Quando o escândalo estourou, Pinho pediu demissão rapidamente. No terremoto político que se seguiu à revelação da propina na ECT, deixou o cargo. Em nota, disse que o desgaste provocado em sua imagem causou sua decisão. "Não me restava outra atitude", afirmou.

Atualmente, a delegada da DRT, Lívia Arueira, tem apoio da esquerda petista. E Dirceu, como Jefferson, também foi cassado no ano passado, por causa do mensalão - no seu caso, acusado de chefiar o seu pagamento.