Título: Arcelor quer crescer com aquisições na América Latina
Autor: Beth Moreira
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/03/2006, Economia & Negócios, p. B18

Grupo vai investir US$ 2 bilhões no Brasil até 2008, e pretende duplicar produção da CST

A Arcelor, segundo maior grupo siderúrgico do mundo, pretende crescer na América Latina por meio de aquisições. Segundo o vice-presidente da Arcelor Brasil - holding que controla as siderúrgicas CST, Belgo Mineira e Vega do Sul -, Carlo Panunzi, o grupo privilegia o crescimento horizontal e está aberto a aquisições de empresas em toda a América Latina, incluindo o Brasil. A companhia, porém, não adiantou se há interesse específico em alguma empresa.

Panunzi disse também que o grupo não tem como estratégia a compra de minas de minério de ferro - a principal matéria-prima das siderúrgicas. "Queremos, sim, adquirir novos ativos, mas em siderurgia", disse. "E, se essas empresas tiverem ativos de mineração, melhor ainda." Panunzi citou como exemplo dessa estratégia a recém-anunciada compra da canadense Dofasco que, além de ser auto-suficiente na produção de minério, ainda tem excedentes.

A Arcelor deve investir cerca de US$ 2 bilhões no Brasil até 2008. Nesse total está incluída a duplicação do laminador de tiras a quente da CST, cujas obras devem ser iniciadas em 2007, com previsão de início de operações para 2008. A duplicação do equipamento, que hoje produz 2,4 milhões de toneladas de laminados a quente por ano, deve receber investimentos em torno de US$ 80 milhões. De acordo com o presidente e diretor da Divisão de Aços Planos da Arcelor Brasil, José Armando Figueiredo Campos, "a expansão do equipamento é relativamente fácil e de rápida implementação".

Campos disse ainda que a Arcelor não deve ser sócia da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) no projeto de implantação de um pólo siderúrgico na região de Anchieta, no Espírito Santo. "Não sei se a Arcelor Brasil precisa de sócios. Se precisarmos, podemos escolher seja entre fornecedores ou clientes", disse.

PLACAS

Quando a CST atingir a capacidade de produção de 7,5 milhões de toneladas de placas de aço por ano - atualmente, é de 5 milhões -, resultado da expansão em andamento na empresa, seu custo de produção de placas deverá cair 10%, segundo o vice-presidente executivo de finanças e diretor de relações com investidores da Arcelor Brasil, Leonardo Horta. A previsão é de que a empresa comece a operar com a nova capacidade já a partir do segundo semestre deste ano, devendo alcançar capacidade plena a partir de 2007.

E, de acordo com Campos, a expansão da empresa não vai parar por aí. Os planos são de alcançar uma produção de 10 milhões de toneladas de placas por ano até 2010. Segundo o executivo, a empresa trabalha com vários estudos e cenários que contemplam essa expansão. "Esse é o horizonte para o setor de aços planos da Arcelor no País e está baseado no crescimento orgânico, e não em novas aquisições", afirma. Campos disse ainda que o câmbio atual, com o real valorizado frente ao dólar, não levará a empresa a rever seus planos para o País. Os executivos, porém, evitaram falar sobre a oferta hostil de compra de sua controladora feita pelo grupo Mittal Steel.