Título: Captação tem o custo mais baixo desde 1996
Autor: Gustavo Freire, Adriana Fernandes
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/03/2006, Economia & Negócios, p. B3
Governo obtém US$ 500 milhões com venda de bônus com vencimento em 2037 e spread de 204 pontos
Com o risco país em queda, o governo brasileiro conseguiu ontem captar no mercado internacional US$ 500 milhões em bônus com vencimento em 2037 a custo muito menor para o Tesouro Nacional.
Chamados de Global 2037, os papéis foram vendidos com o histórico spread (diferença em relação aos títulos do Tesouro dos Estados Unidos de prazo semelhante) de 204 pontos. Foi o mais baixo spread de todas as emissões de Global da República, iniciadas em 1996.
A operação foi iniciada ontem, logo depois da divulgação de indicadores da economia americana, apontando que não deverá haver elevação brusca dos juros básicos da economia, o que poderia afetar o fluxo de investimentos destinado a países emergentes como o Brasil.
Essa foi a segunda captação com o mesmo prazo de vencimento, em 2037. Na primeira vez que o Brasil lançou o Global 2037, no início de janeiro, foi vendido US$ 1 bilhão.
Na operação de ontem, o título foi emitido com taxa de retorno de 6,831% ao ano.
Na primeira operação, a taxa foi mais alta: 7,57%. O spread também saiu mais elevado: 295 pontos acima dos papéis americanos de prazo semelhante.
Os recursos captados entrarão para as reservas internacionais no dia 23 deste mês. Com a emissão de ontem, o Tesouro já captou US$ 5,3 bilhões no mercado externo para honrar os compromissos com o pagamento dos títulos da dívida externa que vencem neste ano e em 2007.
A estratégia do Tesouro de emissões para este ano e o próximo considera uma captação total de US$ 9 bilhões.
A intenção do governo de reabrir a emissão do Global 2037 - que na prática é o papel de prazo mais longo da dívida externa brasileira - foi aumentar a liquidez do título no mercado secundário.
O maior volume desse tipo de papel em circulação melhora o desempenho no mercado secundário, o que contribui para preços e spreds mais justos.
Com a captação de ontem, o Tesouro inaugurou a presença de bancos domésticos em emissões externas em dólares, com o Itaú como co-líder.
Os coordenadores são os bancos estrangeiros HSBC e JP Morgan.