Título: PFL usa César Maia para pressionar PSDB
Autor: Wilson Tosta
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/03/2006, Nacional, p. A9

Disposto a cobrar caro pela adesão a Alckmin, partido defende até candidatura do prefeito do Rio à Presidência

O comando do PFL indicou ontem que pretende endurecer a negociação com os tucanos sobre os termos de uma eventual adesão à candidatura do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), à Presidência. Após duas horas de reunião no Rio, o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), anunciou que a candidatura do prefeito Cesar Maia à Presidência está mantida, pelo menos nos próximos oito ou dez dias, e poderá ser oficializada, se forçar a realização de um segundo turno para derrotar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Eu trabalhava com a hipótese da desverticalização com Serra", disse Maia, referindo-se à regra da verticalização, que proíbe coligações nos Estados de partidos rivais na disputa pela Presidência. O prefeito dá como certa a manutenção da regra pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e prevê que esse novo cenário "afunila o primeiro turno", facilitando a vitória de Lula no primeiro round.

O prefeito fez críticas veladas ao governador, a quem chamou de "bonzinho". "A maneira do Alckmin de fazer política tem uma taxa de suavidade que eu entendo que neste momento tem de ser ajustada", ironizou.

Maia pediu ao PFL mais alguns dias: quer esperar o julgamento do STF sobre a verticalização para estudar mais o quadro se desenha na sucessão nacional. "Enquanto isso, o PFL discute para dentro e com o PSDB", frisou o prefeito, ponderando não estar inclinado para nenhum dos lados. "Estou muito confuso, então não posso estar inclinado. Se você disser 'você está rodando, rodopiando', é melhor que inclinado."

Bornhausen também deu sinais de que o apoio dos pefelistas a Alckmin será objeto de negociação, usando, para definir a eventual aliança, a palavra "concertação" em lugar da tradicional coligação.

Maia, tentando mostrar que o PFL reivindica mais espaço, disse que uma nova união com o PSDB terá de ser diferente da ocorrida no governo Fernando Henrique Cardoso. "Não podemos mais ser parte do poder. Por isso, o senador fala em concertação, não coligação." A concertação governa o Chile desde 1990. Para o prefeito, a eventual aliança deve estruturar "solidamente" a unidade.