Título: Tucano promete baixar juros
Autor: Denise Madueño
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/03/2006, Nacional, p. A8

Em sua curta passagem por Brasília, e apesar de um encontro cordial com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o governador Geraldo Alckmin, candidato do PSDB à Presidência, criticou a política econômica do governo e prometeu reduzir a taxa de juros se for eleito. "Os juros podem ser baixados imediatamente. Há um conservadorismo exagerado", condenou. "O Brasil tem a maior taxa de juros do mundo e a política monetária mais conservadora do planeta."

Alckmin disse que a política econômica precisa de "vários ajustes". Mencionou que considera necessário, além de reduzir os juros, aumentar o emprego e promover um desenvolvimento maior da economia.

O candidato tucano disse também que, se vencer as eleições, promoverá uma reforma tributária. Usando um de seus discursos prediletos, ele afirmou que a carga de impostos é muito alta no Brasil, correspondente a 38% do Produto Interno Bruto (PIB).

Ele deu outros indicativos de que já incorporou um discurso de campanha e relativizou o sucesso do programa Bolsa Família, carro-chefe do governo Lula. Disse que vai mantê-lo, se for eleito, mas ressalvou que, quando Lula assumiu, 5,5 milhões de famílias já eram beneficiadas por programas semelhantes, criados no governo Fernando Henrique Cardoso.

Alckmin deixou claro que não tem receio de entrar no terreno das comparações com seu adversário. Comparou números de seu governo em São Paulo com pontos sabidamente fracos do governo federal, lembrando que o Estado teve um crescimento de 7,6% em 2004 e o governo paulista investirá R$ 9,1 bilhões este ano.

Ele desfiou números do seu governo mas rejeitou comparações diretas entre as administrações: "Não se pode comparar situações diferentes. O governo Fernando Henrique viveu uma situação, o governo Lula vive outra situação, e meu governo também é outra situação. O que nós temos que fazer é olhar para o futuro."

O governador disse acreditar que a campanha deste ano será diferente: "O povo vai querer menos discursos, e mais resultados e propostas, para ver quem fez e quem não fez. Nós fizemos, e fizemos o que deveria ser feito", afirmou, lembrando a gestão de Mário Covas - de quem é herdeiro político - que, segundo ele, melhorou a qualidade do gasto.

Alckmin afirmou que, se eleito, em seu governo o Brasil vai melhorar muito "dos pontos de vista ético, da eficiência e do crescimento". Previu também que um segundo mandato do presidente Lula aconteceria em circunstâncias desfavoráveis, com menos condições de governabilidade. Ele mencionou que um novo governo petista enfrentaria o risco de acabar o "céu de brigadeiro" na economia mundial e uma possível redução da bancada do PT no Congresso.