Título: Fala de Nildo lembra a de Eriberto, no caso Collor
Autor: Tania Monteiro, Expedito Filho
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/03/2006, Nacional, p. A7

Não é a primeira vez que o depoimento de um cidadão simples movimenta Brasília e transforma os fatos políticos do País. Em 1992, a revista IstoÉ publicou uma entrevista do motorista Eriberto França que ajudou a derrubar o então presidente Fernando Collor de Mello.

Acusado de corrupção, Collor sofria processo de impeachment. Seu irmão Pedro Collor denunciara o tesoureiro da campanha presidencial, Paulo César Farias, como mentor das irregularidades.

Na entrevista, Eriberto confirmou as denúncias de Pedro Collor de que as empresas de PC Farias faziam depósitos regulares em contas fantasmas movimentadas pela secretária Ana Accioly. As informações atingiram Collor em cheio.

Em depoimento aos deputados que investigavam o caso, Eriberto foi indagado por Roberto Jefferson - cassado em 2005, no escândalo do mensalão - sobre as suas pretensões ao revelar os detalhes do esquema. "Sou patriota", respondeu. "Só isso?", indagou Jefferson. E Eriberto devolveu: "E isso é pouco?"

O motorista confirmou que a secretária dava o dinheiro para que pagasse os funcionários da Casa da Dinda, residência do presidente Collor em Brasília. Eriberto quitava também contas de luz e telefone e outras despesas eventuais do presidente.

DESDOBRAMENTOS

Após ficar inelegível e ter os seus direitos políticos cassados, Collor foi morar nos Estados Unidos, em Miami. Já Eriberto viajou por todo o País, sendo homenageado e recebendo várias condecorações.

Agora, o caseiro Francenildo Santos Costa pode complicar a vida de um integrante do alto escalão do governo Lula. Deu detalhes de transações que, se confirmadas, complicam a vida do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, e de seus assessores e ex-assessores, a república de Ribeirão.