Título: Cenário externo abala os mercados
Autor: SILVANA ROCHA, MARIO ROCHA, LUCINDA PINTO
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/03/2006, Economia & Negócios, p. B14

Expectativa de novas altas do juro nos EUA e de mudanças na política cambial faz Bolsa cair e dólar subir

Puxados pelo cenário externo, os mercados locais tiveram mau desempenho. As principais Bolsas do mundo caíram por causa do discurso de Ben Bernanke, presidente do Federal Reserve, sugerindo que o juro básico americano continuará a subir, e isso se refletiu localmente. A inflação nos EUA também influenciou, assim como desconforto com a situação do ministro Palocci, embora em grau menor.

Pelo terceiro dia seguido, o dólar na roda da BM&F fechou na cotação máxima, a R$ 2,173, em alta de 1,12%. No balcão, também na máxima do dia, o comercial subiu 1,16%, para 1,16%, e o paralelo avançou 0,13%, para R$ 2,26. O Ibovespa desvalorizou-se 2,11%, os juros futuros voltaram a projetar alta, o risco país subiu 1,75%, para 232 pontos, enquanto o A-Bond perdeu 0,77%, vendido com ágio de 9,70%.

Além dos problemas externos e internos, os rumores de que o Banco Central poderá adotar medidas na área cambial pressionaram as cotações. Segundo um operador, comenta-se que o BC poderá fazer mudanças para, entre outras finalidades, dificultar as operações de arbitragem com câmbio e taxas de juros. A demanda por essas operações é expressiva tendo em vista o atraente diferencial de juros obtido pelos investidores.

Na BM&F, todos os contratos de dólar futuro projetaram alta.

Na Bolsa paulista, o movimento financeiro ficou em R$ 2,199 bilhões. "Com os mercados ruins lá fora, os gringos realizaram lucros aqui na Bovespa", comentou um operador. Quanto à participação do investidor estrangeiro, outro operador afirmou que "parou de sair dinheiro, entrou um pouco, mas o fluxo externo ainda pode ser considerado bem pequeno".

Entre os papéis que compõem o Ibovespa, só quatro subiram. As maiores altas foram de Telesp PN (1,35%) e Sabesp ON (1,16%).