Título: Camex avalia medidas para facilitar as importações
Autor: Jamil Chade
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/03/2006, Economia & Negócios, p. B11

A Câmara de Comércio Exterior do Brasil vai recomendar a diversos ministérios a adoção de novas medidas para facilitar importações. A idéia é incrementar as compras externas para tentar ajudar na revalorização do dólar em relação ao real. "Estou iniciando consultas com vários ministros das áreas específicas", revelou Mario Mugnaini, secretário-executivo da Camex, ao Estado.

Segundo ele, um dos elementos que têm contribuído para a valorização do real é a alta taxa de juros no País. "Mas, quanto a isso, não posso fazer nada", argumentou. Segundo ele, o que pode ajudar é o governo adotar iniciativas que facilitem a importação de alguns produtos que possam influenciar no câmbio.

"Não estamos falando em aumentar a importação de supérfluos ou brinquedos. O que acredito que podemos fazer é criar condições referentes aos impostos para aumentar as compras de produtos como bens de capital", explicou Mugnaini.

Há poucas semanas, o governo já tomou algumas medidas nesse sentido, cortando as tarifas para a importação. "Vamos tentar ampliar e contribuir para que a tendência do real seja revertida", disse.

Segundo os dados do governo, as importações já começaram a ganhar impulso nos últimos meses. Se no ano passado as compras no exterior tiveram incremento de apenas 5,4%, os primeiros meses do ano mostraram crescimento de 13% e 11% em janeiro e fevereiro, respectivamente.

Apesar das tentativas do governo de incrementar a importação, o principal parceiro do País no Mercosul, a Argentina, se queixa do déficit comercial que foi estabelecido com o Brasil em 2005. "Temos um déficit importante com o Brasil e somente em 2005 importamos US$ 10 bilhões, afirmou o secretário de Comércio da Argentina, Alfredo Chiaradia.

Para o secretário, parte desse déficit pode ter sido causado por "políticas públicas" adotadas pelo Brasil, insinuando que os setores só seriam competitivos graças à ajuda do governo.

Mugnaini alerta que o déficit argentino com o Brasil continuará em 2006 e aponta que as razões não são os programas brasileiros de financiamento, como o do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

"O problema é que a Argentina não tem nenhum mecanismo para financiar suas exportações", disse. "Estamos com o real valorizado e o discurso argentino é o mesmo de quando tínhamos uma moeda desvalorizada. Isso só prova que estamos mostrando competitividade", concluiu o secretário.