Título: Presidente da Repsol acusado de contrabando pede demissão
Autor: Kelly Lima
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/03/2006, Economia & Negócios, p. B9

O presidente da filial boliviana da petrolífera espanhola-argentina Repsol-YPF, o espanhol Julio Gavito, renunciou ontem ao cargo para dedicar-se a defender sua inocência e a da empresa na investigação aberta pela procuradoria boliviana por contrabando de petróleo.

A renúncia foi divulgada pela Repsol-YPF num comunicado, no qual anunciou também a nomeação do espanhol Luis García Sánchez, atual diretor da petrolífera no Peru, para o lugar de Gavito.

"Estou convencido de que, após as vicissitudes pelas quais venho passando neste penoso e injusto processo, a verdade sairá à luz e será possível demonstrar nossa inocência", afirmou Gavito.

A Repsol-YPF informou que a decisão de Gavito foi tomada após uma reunião da diretoria da petrolífera em sua sede em Santa Cruz, no leste da Bolívia. Assinalou ainda que o outro dirigente acusado no caso, o argentino Pedro Sánchez, continua exercendo o cargo de gerente de operações da Andina (filial da companhia no país).

Gavito e Sánchez chegaram a ser detidos na semana passada pela Polícia Técnica Judicial em Santa Cruz sob a acusação de liderarem o esquema de contrabando. Depois de permanecerem 11 horas detidos, eles foram libertados mediante pagamento de fiança de aproximadamente US$ 50 mil cada e do compromisso de não deixarem o país.

A Repsol-YPF investiu mais de US$ 1 bilhão na Bolívia desde 1998. A empresa é a segunda maior em atividade no país, atrás apenas da estatal brasileira Petrobrás - que nos últimos dez anos já investiu mais de US$ 1,5 bilhão na Bolívia. Segundo denúncia da Alfândega Nacional, a Repsol-YPF é responsável por uma exportação irregular de petróleo de US$ 9,2 milhões, entre junho de 2004 e julho de 2005.

A queixa foi apresentada em fevereiro. Há três semanas, durante uma visita a La Paz, o presidente mundial da Repsol, Antonio Brufau, disse que, "se houve algum erro na operação, ele será retificado e o que for devido, pago".