Título: Saneamento volta a ser estatal na Argentina
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/03/2006, Economia & Negócios, p. B5

O tratamento, abastecimento e distribuição de águas e o sistema de esgotos passa novamente - após 13 anos - às mãos estatais na Argentina. O governo do presidente Néstor Kirchner ordenou ontem a rescisão do contrato da empresa Aguas Argentinas, controlada pelo grupo francês Suez. O anúncio foi realizado pelo Ministro do Planejamento, Julio De Vido, homem forte do governo. Segundo ele, o controle da nova empresa Aguas y Saneamientos Argentinos (Aysa), ficará nas mãos do Estado argentino. A empresa era responsável pelo abastecimento do maior aglomerado urbano do país, a Grande Buenos Aires.

De Vido explicou que o contrato foi rescindido por causa da falta de cumprimento por parte da Aguas Argentinas. O ministro citou uma longa lista de falhas da empresa, principalmente na ausência de investimentos em infra-estrutura. Segundo De Vido, a Aguas Argentinas "sempre se interessou mais em discutir o quadro tarifário do que a forma de melhorar o serviço para os usuários".

O ministro anunciou que o Estado argentino ficará com 90% das ações da empresa, enquanto que os trabalhadores da companhia permanecerão com 10%. Sobre a possibilidade de reprivatização da companhia, disse: "Hoje é estatal. Amanhã, veremos."

A Aguas Argentinas, e sua controladora, o Grupo Suez, estiveram na mira de Kirchner desde que ele tomou posse em 2003. A empresa reclamou muito do congelamento de tarifas dos serviços públicos. O congelamento está em vigor desde 2002, quando o presidente Eduardo Duhalde, antecessor de Kirchner, decidiu que a medida era necessária para evitar o agravamento da crise.

Em 2005, o grupo indicou que estava preparada para ir embora da Argentina, caso fosse necessário. Ontem, após o anúncio, manteve-se em silêncio.