Título: Mais otimista, BC revê projeções para o balanço
Autor: Fabio Graner, Gustavo Freire
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/03/2006, Economia & Negócios, p. B4

O Banco Central (BC) aumentou ontem de US$ 4 bilhões para US$ 10 bilhões a estimativa de ingresso de investimentos estrangeiros nos mercados de ações e renda fixa neste ano. A mudança, segundo o chefe do Departamento Econômico (Depec) do BC, Altamir Lopes, decorre, em parte, a decisão do governo de isentar do Imposto de Renda os investimentos externos em títulos federais. "A isenção já aumentou o fluxo de recursos do exterior para investimentos em renda fixa no mês passado (foi de US$ 1,991 bilhão)", disse ele.

A queda do risco Brasil, segundo Lopes, deverá atuar em favor do aumento dos investimentos externos em ações de empresas brasileiras. "Com o risco em queda, aumenta a possibilidade de elevação dos ganhos das empresas e isso atrai o investidor", explicou o economista Guilherme Loureiro, da Consultoria Tendências. A alta da lucratividade, segundo Loureiro, seria provocada pela previsível elevação dos níveis de investimentos de longo prazo.

O estrategista do BNP Paribas, Alexandre Lins, concorda que a entrada de dólares vai estimular o investimento e o crescimento econômico, mas lembra que o mercado de câmbio tende a ficar mais sensível a eventuais mudança do cenário externo. "Será preciso ficar mais atento aos discursos do presidente do Fed (BC americano), Ben Bernanke, e ao mercado internacional", comentou.

O BC também elevou as projeções para outros indicadores.Agora, calcula em US$ 39 bilhões o superávit da balança comercial neste ano. A estimativa anterior era de US$ 35,5 bilhões. O BC passou a estimar ainda um volume de exportações de US$ 128 bilhões em 2006, ante previsão anterior de US$ 124,5 bilhões.

Para Alexandre Sant'Anna, economista da Arx Capital, o resultado positivo da balança comercial deverá ser sustentado pela manutenção do bom nível de atividade econômica no mundo. O BC também aumentou, de US$ 16 bilhões para US$ 18 bilhões, a estimativa de ingresso de investimento estrangeiro direto. "É um número bastante crível", disse Sant'Anna.