Título: Construção civil deu impulso a contratações
Autor: Renata Veríssimo
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/03/2006, Economia & Negócios, p. B1

Criação de 14.993 vagas em fevereiro, com o início de novas obras, ajudou nas estatísticas

Depois de quase dois anos vivendo de serviços eventuais, Ivan Roseno, de 23 anos, conseguiu o primeiro emprego com carteira assinada no mês passado na construtora Via Empreendimentos, em São Paulo. Para trabalhar das 7h às 17h, tomando conta de todas as chaves dos apartamentos que estão em fase de acabamento, ele ganha R$ 720 mensais.

"Com o primeiro salário, paguei parte das minhas contas atrasadas e a pensão da minha filha. Agora quero voltar a estudar." Com o segundo grau completo, Roseno conta que foi muito difícil conseguir um emprego com carteira assinada. "As exigências eram muitas." Ele planeja fazer um curso de técnico de segurança para obter melhor colocação no mercado.

Números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, apontam que a construção civil puxou as contratações em fevereiro, com a criação recorde de 14.993 vagas.

A construtora Via confirma a expansão de postos de trabalho neste início de ano. Segundo o gerente de empreendimentos da empresa, Jurandir Vilela Martins, desde janeiro a construtora admitiu 65 trabalhadores, entre pedreiros, carpinteiros e ajudantes.

Martins explica que as contratações ocorreram em razão do início de duas obras da companhia. No primeiro trimestre do ano passado não houve admissões porque o mercado imobiliário estava parado.

Neste ano, no entanto, os negócios começaram a acontecer. De janeiro para fevereiro, por exemplo, a construtora teve crescimento de 50% nas vendas de apartamentos. "A tendência é que as contratações continuem por causa das obras em andamento."

Reginaldo Faria de Araújo também deixou de fazer parte das estatísticas de desemprego. Ele foi contratado para trabalhar como operador industrial no mês passado pela fabricante de embreagens automotivas ZF Sachs, de São Bernardo do Campo, no ABC paulista.

Aos 36 anos, casado e com dois filhos menores, de 11 e 15 anos, Araújo ficou sem emprego durante oito meses. Nesse período, sobreviveu com o dinheiro do salário desemprego do trabalho de motorista que tinha anteriormente e dos bicos que a esposa fazia como costureira. "Agora estou contente, pois esse emprego é muito bom", diz ele. O salário mensal está na faixa de R$ 900.

A indústria metalúrgica criou em fevereiro 4.019 vagas com carteira assinada, segundo dados do Caged. Ao todo, a indústria de transformação contabilizou em fevereiro 23.558 postos formais, ante 19.408 em janeiro.