Título: Ministro tem mesmo é que falar logo, diz oposição
Autor: Tânia Monteiro
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/04/2006, Nacional, p. A4

A iniciativa do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, de ir ainda nesta semana ao Congresso prestar esclarecimentos sobre a violação da conta bancária do caseiro Francenildo dos Santos Costa, o Nildo, serviu de oportunidade para que a oposição renovasse os ataques ao governo. Os oposicionistas dizem querer saber que tipo de atuação Bastos teve no episódio.

"O ministro da Justiça está em um governo que opera no limite da legalidade. Às vezes dentro, às vezes fora. Talvez seu papel seja o de alertar para esse limite, o que faz correr o risco de se contaminar. É como quem trabalha com material radioativo ou substâncias perigosas. E esse governo é perigoso. O ministro deve correr para dar sua versão. Estamos dispostos a ouvir, com respeito", disse o líder da minoria na Câmara, José Carlos Aleluia (PFL-BA).

Autor do requerimento que convocava o ministro e não chegou a ser votado, o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), ironizou a disposição de Bastos de antecipar sua fala aos parlamentares, diante da repercussão negativa da revelação que ele participara, no último dia 23, de reunião com o ainda ministro da Fazenda, Antonio Palocci, o então presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Mattoso, e com o advogado criminalista Arnaldo Malheiros Filho. Bastos confirma a reunião, mas nega que no encontro tenha sido discutida uma forma de proteger as autoridades envolvidas na quebra ilegal do sigilo bancário de Nildo.

Até o fim de semana, a intenção do governo era empurrar a ida de Bastos ao Congresso para depois do feriado da Semana Santa. "O ministro está como biruta de aeroporto. Uma hora ia para um lado, depois para outro. Ele irá, queira ou não queira. O melhor é que ele vá depor por vontade própria. O escândalo é de tal monta que agora resta a ele bancar o democrata e ir", disse Virgílio. "E é sempre bom lembrar que o presidente nomeia (ministros e colaboradores), mas quem demite é a sociedade."