Título: Lula planeja reação para evitar desgaste
Autor: Tânia Monteiro
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/04/2006, Nacional, p. A4

O agravamento das suspeitas contra o ministro Márcio Thomaz Bastos colocou em alerta o Palácio do Planalto, onde se avalia que é preciso reagir para evitar que o titular da Justiça se torne a "bola da vez" e não resista aos "ataques da oposição". A iniciativa de antecipar sua ida ao Congresso tem justamente o objetivo de neutralizar o desgaste e mostrar transparência.

Os problemas provocados pela corrosão do prestígio de Bastos têm feito o presidente Luiz Inácio Lula da Silva atrasar a definição de quem ocupará em caráter efetivo quatro ministérios hoje comandados por interinos: Saúde, Desenvolvimento Agrário, Controladoria-Geral da União e Pesca. A cada dia, o presidente conta com menos colaboradores com os quais tem estreita ligação para definir estratégias políticas do governo.

A saída de Ciro Gomes do Ministério do Desenvolvimento Regional foi sentida pelo presidente, já que ele emitia opiniões consideradas absolutamente francas. Jaques Wagner também apresentava visões consideradas bastante realistas para ele em relação ao governo. E agora, perdendo estas proteções, o presidente teme ficar cada vez mais vulnerável.

Apesar dos bons resultados das pesquisas, comemorado pelo presidente, há uma preocupação com o acirramento dos ânimos eleitorais, que Lula entende estar traduzido nas denúncias contra Thomaz Bastos.

Por causa das denúncias do final de semana, os telefones não pararam de tocar no Palácio da Alvorada, com muitas conversas durante o sábado à tarde e o domingo. As discussões não se limitaram ao presidente. Os auxiliares palacianos e líderes governistas também conversaram muito no fim de semana, tentando avaliar a situação do ministro da Justiça.

Mesmo com o ministro Tarso Genro saindo em defesa do colega da Justiça, há quem ache no governo que a situação de Thomaz Bastos ficou um pouco mais complicada. Embora a maioria considere que ele se sairá bem, há os que temem os riscos eleitorais de isso atingir Lula. Todos estão confiantes na contra-ofensiva. A avaliação no Planalto é que tem de haver uma defesa do ministro.