Título: 'Cabia a ele toda a responsabilidade', diz Monteiro
Autor: Paulo Moreira Leite e Ricardo Brandt
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/04/2006, Nacional, p. A6

O presidente da Nossa Caixa, Carlos Eduardo Monteiro, atribuiu a responsabilidade dos problemas nos contratos com as empresas Colucci e Full Jazz ao ex-gerente de marketing Jaime de Castro Júnior. "Ele era o gestor desse contrato e cabia a ele toda a responsabilidade." Monteiro disse que a sindicância interna não constatou nenhuma responsabilidade de outro servidor e que a falta de contrato entre o banco e as agências de publicidade só chegou a seu conhecimento no dia 27 de junho de 2005, quando foi informado pelo próprio Castro Júnior.

"Como era um fato grave, decidi afastá-lo e foram tomadas as providências", disse Monteiro. Segundo ele, as empresas foram informadas, determinou-se a realização de nova licitação e nomeou-se uma comissão de sindicância. Foram informados ainda o diretor jurídico, o diretor de controle interno, o conselho administrativo, o secretário de Fazenda e o Tribunal de Contas do Estado. Dois dias depois, Monteiro afirmou ter tomado conhecimento de um requerimento da Assembléia Legislativa pedindo informações sobre o caso.

Ele explicou que a sindicância concluiu que Castro Júnior foi responsável pela não-renovação do contrato e pelos pagamentos sem contratação. O gerente teria agido irregularmente ainda ao responder ao pedido de informações da Assembléia em nome do presidente. E teria mentido em uma auditoria interna de 2003, ao afirmar, segundo Monteiro, que os contratos haviam sido prorrogados.

Apesar de ter pago por serviços sem contrato por mais de um ano, a Nossa Caixa sustenta que não houve prejuízo para os cofres públicos. "Todos os serviços pagos foram prestados", disse o presidente do banco, que afirmou que Castro Júnior fez só uma reclamação trabalhista, questionando sua demissão durante uma licença médica. Segundo Monteiro, os resultados da sindicância não foram encaminhados ao Ministério Público Estadual nem à Polícia Civil porque concluíram que não houve ilícito penal ou indício de crime. E, como não houve prejuízo, não foi tomada nenhuma medida cível.

O ex-assessor especial de Comunicação Roger Ferreira foi procurado ontem, mas não foi localizado. Em outras ocasiões, Ferreira negou irregularidades nos gastos de publicidade e em sua contratação. Segundo ele, o banco tem "autonomia para realizar sua comunicação da maneira que considerar mais adequada". Ele garantiu que governo não faz interferências nas ações desse tipo.