Título: Gripe aviária pode custar US$ 300 bi à Ásia
Autor: Jamil Chade
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/04/2006, Economia & Negócios, p. B10

Uma eventual pandemia de gripe aviária provocaria um "grave choque econômico" na Ásia que poderia gerar prejuízos à região de até US$ 300 bilhões, com o potencial de causar até mesmo uma recessão mundial. A projeção é do Banco Asiático de Desenvolvimento. "Da forma que pudesse ocorrer, o choque interromperia o crescimento econômico mundial por um ano e lançaria o mundo em uma recessão, a primeira desde 1982", afirmou o banco.

Entidades como a Organização Mundial do Comércio (OMC), o Banco Mundial (Bird) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) concordam que a Ásia hoje divide a responsabilidade pelo crescimento da economia mundial com os Estados Unidos. Por isso, a preocupação dos analistas é que qualquer impacto profundo na situação asiática teria conseqüências para todas as regiões.

Os custos de uma pandemia para a Ásia ficariam entre US$ 100 bilhões e US$ 300 bilhões, dados obtidos como resultado de uma projeção que tomou por base os cálculos da crise que já foi gerada com pneumonia atípica em 2003.

As estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que cerca de 7 milhões de pessoas poderiam ser vítimas do vírus da gripe se ele ganhasse o poder de se transmitir entre uma pessoa e outra.

Hoje, os casos da gripe são restritos, diante da incapacidade do vírus H5N1 de passar por mutações e se alastrar entre seres humanos.

Segundo o banco asiático, a atividade econômica levaria pelo menos um ano para se restabelecer no caso de uma pandemia. E uma recuperação da situação internacional levaria pelo menos mais três anos para ocorrer.

CHINA

Sem a gripe, porém, as estimativas do banco são de que a Ásia tenha um crescimento de 7,2% em média neste ano. Em 2007, o crescimento seria de 7%. Parte desse crescimento ocorreria graças ao aumento de exportações de países da região, entre eles a China.

Pela previsão do banco asiático, a forte demanda por itens eletrônicos nos próximos meses irá contribuir para esse crescimento.

No caso da China, a previsão da entidade é que a economia do país terá uma expansão de 9,5% e 2006.

Já para 2007, o ritmo seria um pouco menor, de 8,8%, mas ainda acima de todas as médias mundiais.

Além da gripe, outro fator que pode afetar o crescimento asiático é o preço do petróleo e o aumento médio das taxas de juros internacionais.