Título: Governador reage a manifestantes e diz que em São Paulo não tem ladrão
Autor: Ana Paula Scinocca , Gustavo Porto
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/03/2006, Nacional, p. A7

Pré-candidato do PSDB à Presidência, o governador Geraldo Alckmin deixou de lado ontem a fala mansa e fez um discurso duro, afirmando que "em São Paulo não tem ladrão". Durante visita à região de Perus, na zona oeste, onde entregou um Poupatempo Móvel, reforçou as críticas, mas sem citar nominalmente os adversários. "Vemos corrupção e dinheiro sendo roubado e desperdiçado por outros governos. Nosso partido pode olhar nos olhos de vocês."

A declaração do governador foi uma reação a um grupo de seis manifestantes, que acompanharam a inauguração, ocorrida ontem à tarde. Depois de ouvir muitas críticas, Alckmin alertou que o protesto havia sido organizado por seus opositores. "Podemos até desculpar os amigos da oposição que vieram alegrar a nossa festa. Se a oposição não estivesse presente, ficaria chato", retrucou.

Ainda em reação aos protestos, Alckmin afirmou que "democracia é contestação, não é silêncio de pântanos nem cemitério". E lembrou que o ex-governador Mário Covas também fora vítima de ovos e xingamentos, desde os tempos em que comandava a cidade de São Paulo. "Mas, apesar disso, o povo tinha Covas no coração", disse o governador, entre vaias dos manifestantes e aplausos da maioria da platéia - cerca de 150 pessoas que lotaram a praça em frente à estação da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) onde foi realizado o evento.

Em entrevista coletiva, Alckmin não quis dizer para quem foi o recado dado pelo discurso, mas disse estar percebendo a presença de "provocadores" em vários de seus compromissos públicos. "Não é manifestação espontânea, mas também não sei qual a origem", comentou. E garantiu: "Estou absolutamente zen. Por isso, vão brigar sozinhos, porque comigo não vão conseguir. E também não tenho medo de cara feia." Os manifestantes negaram ser do PT.