Título: "Lula é responsável por ministro"
Autor: Ana Paula Scinocca , Gustavo Porto
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/03/2006, Nacional, p. A7

Ao comentar denúncias contra Palocci, Alckmin diz que presidente responde por atos dos membros do governo

O governador de São Paulo e pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, responsabilizou ontem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelas atitudes de ministros, ao comentar a participação do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, no suposto esquema da república de Ribeirão Preto.

Em visita a Piracicaba (a 170 quilômetros da capital paulista), onde participou da cerimônia de lançamento da pedra fundamental da fábrica C.J. do Brasil, Alckmin foi taxativo ao ser questionado se o presidente Lula erra ao manter Palocci como titular da Fazenda. "O presidente da República é responsável pelos seus ministros e a qualidade do governo é a qualidade das pessoas que o compõem." Em seguida, porém, Alckmin ressalvou que o cargo de ministro "pertence ao presidente".

O governador demonstrou ainda indignação ao saber que a violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo Santos Costa, o Nildo, teria partido da própria Caixa Econômica Federal (CEF), subordinada ao Ministério da Fazenda.

"Foi muito grave o ocorrido. A punição precisa ser exemplar", disse, advertindo que "a injustiça cometida contra um cidadão é uma ameaça a toda sociedade". Segundo o governador, o caso "precisa ser apurado com rigor imediatamente".

No evento de ontem, cuja platéia era essencialmente formada por empresários, Alckmin adotou um tom populista e desenvolvimentista e deixou de lado os "discursos breves e telegráficos", como ele mesmo classificava suas falas, para destacar a importância de o Brasil crescer, gerar emprego e atrair investimentos.

Depois, em entrevista aos jornalistas, minimizou a linha do PT, que na reunião do Diretório Nacional no último sábado decidiu que uma das estratégias petistas será a de ligar Alckmin ao candidato das elites.

"Não espero flores dos adversários e não tenho medo de cara feia; o meu compromisso é com o desenvolvimento", frisou.

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O presidenciável tucano também reagiu com graça à comparação entre o sapo barbudo (referência a Lula) e ao picolé de chuchu (apelido dado a ele). Ao ser questionado sobre quem ganharia a eleição em outubro, foi, primeiro, diplomático. "Espero que o povo ganhe." Na seqüência, emendou. "Quero ser um instrumento do povo dessa vitória, não vitória pessoal, não luta patrimonialista, tomar o poder, tomar o poder para si, para os seus; mas ser um instrumento de mudança para que o País possa avançar mais. Não pretendo fazer campanha contra o PT, contra Lula."

Ao comentar os resultados das últimas pesquisas, salientou estar surpreso com seu desempenho nos levantamentos, já que "imaginava começar (a campanha) com um dígito, 8% ou 9% (das intenções de voto)". "Começar com mais de 20%, 22%, 23% no Brasil é um piso alto", analisou, insistindo que a campanha só começa de fato em agosto, com a propaganda gratuita no rádio e na TV.

O governador reiterou ainda a disposição em se aliar com o PFL para enfrentar Lula.