Título: Sargento é preso por ter ajudado bandidos a roubarem armas de quartel
Autor: Roberta Pennafort
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/03/2006, Metrópole, p. C5

O sargento do Exército Humberto Freire, lotado no Estabelecimento Central de Transporte (ECT), foi preso ontem ao chegar para trabalhar, sob a acusação de conivência com criminosos que invadiram o quartel e roubaram dez fuzis e uma pistola, no dia 3. Na ocasião, os bandidos agrediram o militar. Mas os investigadores do caso desconfiam de que tudo não passou de encenação para que não recaíssem suspeitas sobre Freire.

O mandado de prisão temporária foi expedido pelo juiz Marco Aurélio Petra de Mello, da 4ª Auditoria Militar, que já havia determinado a prisão do ex-cabo Joelson Basílio da Silva e do ex-soldado Carlos Leandro de Souza, na semana passada. Os três estão detidos no 1º Batalhão de Polícia do Exército.

CONTRADIÇÕES

Freire, chefe da guarda na madrugada do roubo, passou a ser considerado suspeito em razão de contradições em seu depoimento. O MPM não deu detalhes a respeito. Desde o início das investigações, havia a desconfiança de que alguém da unidade estava envolvido com os invasores. O contato provável de Freire com os ladrões foi Silva, lotado no ECT até fevereiro, que já admitiu ter sido o líder do grupo que invadiu o quartel.

A ação foi filmada por câmeras próximas do quartel. No momento da invasão, Freire supostamente encenou uma reação e levou uma coronhada. Teve fraturas no nariz e no malar (osso da face) direito. Os ferimentos do sargento foram reais, mas investigadores acreditam que ele simulou um desmaio - ficou desacordado justamente durante o tempo gasto pelos criminosos para retirar as armas do ECT. O Comando Militar do Leste (CML) não divulgou se haverá mais ações do Exército em cumprimento a mandados de busca e apreensão.

MANIFESTAÇÃO

À tarde, ativistas do Movimento Pela Valorização da Cultura, do Idioma e das Riquezas do Brasil (MV-Brasil) fizeram ato de apoio ao Exército diante do CML, que reuniu 40 pessoas. Eles levaram bandeiras do Brasil e faixas que diziam "Exército neles". A intenção era mostrar que a população apóia os militares e a imagem não foi desgastada com o episódio das armas. No ano passado, o grupo liderou no Rio o voto contra o desarmamento no referendo.