Título: Brasil e Paraguai chegam a acordo e ponte é reaberta
Autor: Denise Chrispim Marin
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/03/2006, Metrópole, p. C4

País vizinho arrancou compromisso de que cota de importação não cairá

O governo paraguaio deu ontem garantias ao Brasil de que não haverá mais bloqueios na Ponte da Amizade - reaberta às 19h10, após três dias fechada. Em contrapartida, arrancou do governo brasileiro o compromisso de pôr em prática acordo mais amplo sobre a região de fronteira, assinado em abril de 2005. O Paraguai conseguiu ainda conter as pressões da Receita Federal para que a cota de importação isenta de impostos fosse reduzida dos atuais US$ 300,00 para US$ 150,00.

Na negociação, a garantia de desbloqueio da Ponte da Amizade partiu do vice-ministro de Relações Exteriores do Paraguai, Emílio Gimenez. O chefe da delegação brasileira, embaixador José Eduardo Felício, subsecretário de Assuntos de América do Sul do Itamaraty, informou que será realizada no dia 28, em Foz do Iguaçu, a primeira reunião do Grupo de Trabalho Brasil-Paraguai, que tratará das medidas de cooperação previstas no acordo.

Uma das medidas que serão analisadas é a execução, do lado paraguaio da Ponte da Amizade, de obras para organizar o trânsito de pedestres e de veículos, como as que estão em fase de finalização do lado brasileiro. O custo das obras atingirá US$ 3 milhões. O Brasil, entretanto, deixou claro que não vai bancá-las, mas poderá ajudar o Paraguai a encontrar financiamento. Outro tópico será a adoção de regras de controle da emissão de notas fiscais e formas de impedir o arremesso de mercadorias de cima da ponte.

CIDADE FANTASMA

O bloqueio da ponte paralisou Ciudad del Este. Todas as lojas do Paseo San Blas, o coração comercial da cidade, estavam fechadas. Escolas e prédios públicos não funcionaram. O prefeito Ernesto Javier Zacarias Irun calculou prejuízo de US$ 200 milhões. A cidade parecia um território fantasma. O bloqueio, em protesto contra a apreensão de veículos paraguaios com contrabando por fiscais da Receita brasileira, era mantido principalmente pelos taxistas.