Título: É mais uma represália do governo, acusa oposição
Autor: Fausto Macedo
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/04/2006, Nacional, p. A5

A oposição denunciou ontem "represália do governo" ao caseiro Francenildo dos Santos Costa, o Nildo. A decisão de autorizar o acesso aos dados bancários de Nildo foi da Justiça, mas na avaliação do senador Álvaro Dias (PSDB-PR) a Polícia Federal poderia ter retirado antes o pedido de quebra do sigilo. "Não havia necessidade de quebrar o sigilo dele (Nildo), uma vez que ele já abriu mão espontaneamente", disse o senador. "Já quebraram o sigilo criminosamente, agora agem assim? É uma obra de marketing do governo? Uma tentativa de confundir a opinião pública sobre o comportamento do caseiro?"

Para Dias, o ministro da Justiça, Marcio Thomaz Bastos, deve dar explicações à PF. "Tem de explicar as razões de ter recomendado um advogado ao ex-ministro Antonio Palocci", reiterou o senador. "Além disso, tem de explicar a presença de dois de seus assessores de confiança que, coincidentemente, estavam na casa de Palocci no mesmo horário em que ele recebia os extratos bancários do caseiro. Ou seja, o ministro da Justiça não pode adotar uma posição de dubiedade, ele não pode tirar a vestimenta de ministro para ser advogado de defesa de Palocci."

O senador acredita que a cúpula do governo se envolveu num complô para tentar esconder um crime. Dias suspeita que Bastos "foi escalado para ser o patrocinador da causa dos que cometeram o crime ao sugerir o nome do advogado para Palocci". "A mobilização em torno desse episódio para blindar o governo atinge o o próprio presidente da República, que não diz uma palavra a respeito, como se estivesse totalmente alienado".