Título: Sonho de parlamentares é fazer CPI virar votos
Autor: Eugênia Lopes e Luciana Nunes Leal
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/04/2006, Nacional, p. A7

Depois de dez meses de intensa exposição, os parlamentares da CPI dos Correios esperam colher os frutos nas eleições. Dos 32 integrantes da comissão, 5 devem sair candidatos a cargos majoritários e o restante, disputar a reeleição à Câmara ou ao Senado. Em comum, a expectativa de se eleger mais facilmente depois da projeção nacional conquistada com a CPI.

Deputado federal de primeiro mandato, o petista José Eduardo Martins Cardozo (PT) é um dos que já vivenciaram a popularidade que uma CPI traz. Após ter sido presidente da CPI da Máfia dos Fiscais, na Câmara de São Paulo, saltou de 16 mil votos, em 1996, para 229 mil, em 2000, quando se reelegeu. "O PT foi atingido por toda essa crise. No meu caso, não sinto as pessoas me recriminando pela minha atuação. Mas não sei se isso significa ampliação do meu eleitorado", comenta. "A CPI dá muito mais força para quem é de oposição."

Com atuação destacada na comissão, o deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ) não arrisca previsões. "Não sei se vai trazer mais votos. Mas quem participou da comissão teve a oportunidade de se diferenciar dos outros parlamentares, ao deixar bem claro que não está envolvido na pizza." Hoje, cogita até se lançar candidato do PSDB ao governo do Rio. "É o partido que quer isso", rodeia.

O presidente da CPI, senador Delcídio Amaral (PT-MS), é outro que sonha em se candidatar a governador. De olho nesse objetivo, procurou mostrar imparcialidade e defender as investigações, mesmo as que atingiram o seu partido.

O deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), que foi relator, também almeja vôos mais altos: quer a vaga de vice-governador na chapa do governador Roberto Requião (PMDB), candidato a um segundo mandato.

Pré-candidata à Presidência pelo PSOL, a senadora Heloísa Helena (AL) deverá beneficiar-se. Afinal, foi uma das mais assíduas às reuniões e quem mais recebia e-mails da população.

Conhecida nacionalmente, na década de 90, como a juíza que pôs na cadeia famosos bicheiros, a deputada Denise Frossard (PPS-RJ) é outra que espera ampliar a votação. Ela disputará o governo do Rio.

Para o deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), não é a participação, mas a boa atuação que pode ser convertida em votos. "Ajuda o parlamentar que atuou bem."