Título: 'Governo é fraco com ladrão e Lula se esconde', diz Alckmin
Autor: Cida Fontes
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/04/2006, Nacional, p. A8

Pressionado pela queda nas pesquisas, o pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, reforçou o ataque ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e cobrou explicações sobre seu suposto envolvimento nas denúncias de corrupção.

"Que governante é este que não sabe o que está se passando ao lado de sua sala?", perguntou Alckmin, ao formalizar a aliança entre PSDB e PFL no Piauí. "Eu fui governador. É evidente que o governante sabe das coisas, é óbvio."

O tucano também considerou estranho o comportamento de Lula diante do episódio da quebra ilegal do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa, que envolveu integrantes do governo e culminou na demissão do ministro Antonio Palocci. Para Alckmin, o presidente não assumiu nenhuma responsabilidade.

"O presidente se esconde, faz de conta que não é com ele. Não fala, não presta contas à sociedade. Tem um fato gravíssimo: o governo que é fraco com o ladrão, foi violento contra um nordestino pobre, um moço de 24 anos", disse, recebendo aplausos de militantes e líderes políticos locais do PFL e do PSDB.

Pelo raciocínio de Alckmin, Lula, se soube da operação de quebra de sigilo, "tem toda responsabilidade e não tomou providências". "E seria estranho não ficar sabendo de coisas que acontecem próximo a seu gabinete." O presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), também cobrou explicação pública de Lula.

Na cerimônia que selou a coligação PSDB - PFL, Alckmin iniciou sua campanha no Nordeste e falou para 3 mil militantes. Seu discurso de 20 minutos foi recheado de críticas ao governo que disse ser "fraco com os poderosos e os corruptos, mas violento com o caseiro Francenildo". "Temos um governo sofrível. O presidente não governa: viaja e faz discurso."

Em relação à queda na pesquisa Datafolha, disse que não está preocupado. Entende que a campanha começa mesmo com o início da propaganda eleitoral gratuita no rádio e TV, embora admita não ser conhecido fora de São Paulo. E destacou a vantagem atual de seu principal adversário que, segundo ele, "está todo dia na telinha". "Hoje tem-se um verdadeiro monólogo. Só o Lula fala. Não tem o contraditório."

Na sua avaliação, a polarização vai ficar mais nítida quando ele e Lula estiverem em situação semelhante. "Vamos ter um Fla-Flu. Quem quiser, vai estar de um lado. Quem não quiser, vai estar no outro." Segundo Alckmin, a eleição é cada vez mais um "embate de personalidades" e, por isso, acredita que vai crescer muito nas pesquisas. "Eleição é empatia."

Ele criticou também a carga tributária, afirmando que o governo não reparte nada com os Estados e municípios.