Título: Corte de gás não sai antes de 5ª feira
Autor: Leonardo Goy e Gerusa Marques
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/04/2006, Economia & Negócios, p. B1

O governo garantiu ontem que pelo menos até quinta-feira desta semana não haverá racionamento de gás natural para as distribuidoras do combustível nos Estados, responsáveis pelo abastecimento de residências, indústrias e automóveis movidos a Gás Natural Veicular (GNV). É possível até que não haja corte no fornecimento para esses consumidores, segundo informou ontem o ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau.

"A população pode ficar tranqüila, pois estamos trabalhando diuturnamente desde o dia do acidente para que não seja necessário corte no fornecimento de gás", disse Rondeau. A queda no fornecimento de gás foi provocada pelo rompimento de um duto na Bolívia, na semana passada. Governo e Petrobrás tentam, até quinta-feira, resolver o problema com um conserto de emergência.

Por enquanto, a restrição no fornecimento de gás só está mantida para as usinas termoelétricas (corte de 72%) e para as refinarias da própria Petrobrás, que tiveram de reduzir 51%.

No caso das distribuidoras, a previsão inicial era de que, a partir da zero hora de hoje, haveria corte de até 12%. Entretanto, a previsão de corte nas distribuidoras já havia diminuído, segundo Rondeau, para até 9%, pois a Usina Termocuiabá, que consome grande quantidade de gás, também entrou no contingenciamento para as termoelétricas, reduzindo riscos de racionamento.

De qualquer modo, o governo espera terminar até quinta-feira os reparos provisórios no duto de condensado (líquido extraído junto com o gás natural), rompido com o temporal que atingiu a Província de Gran Chaco semana passada.

Se esses reparos forem concluídos no prazo, o contingenciamento nem sequer atingirá as distribuidoras e, segundo Rondeau, também estará "praticamente resolvida" a situação do fornecimento de gás às termoelétricas e às refinarias da Petrobrás. O conserto definitivo do duto será concluído em cerca de 30 dias.

A idéia do governo é fazer uma espécie de "ponte de safena" no duto rompido, por meio de um desvio até um gasoduto desativado que passa perto do local do acidente. "Espero voltar na quinta-feira e dizer a vocês (jornalistas) que foi só um susto e que não teremos racionamento", disse Rondeau.

Além dessa obra emergencial, Rondeau disse que também estão sendo usados caminhões para transportar parte do condensado, já que as estradas que dão acesso ao local - antes ocupadas por manifestantes - foram liberadas pelo governo boliviano.

O gasoduto Brasil-Bolívia, controlado pela Petrobrás, transporta 26 milhões de metros cúbicos diários de gás ao Brasil. Segundo Rondeau, o fluxo atual está entre 18 milhões e 21 milhões de metros cúbicos por dia.