Título: Bombas deixam 2 mortos e 8 feridos em La Paz
Autor: Gabriella Dorlhiac
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/03/2006, Internacional, p. A14

Explosões ocorreram em 2 hotéis onde costumam alojar-se mochileiros estrangeiros; polícia detém uruguaia e americano como suspeitos

La Paz amanheceu ontem assustada com dois atentados que deixaram dois mortos e oito feridos. As explosões ocorreram na noite de terça-feira e na madrugada de ontem em dois hotéis da cidade. Dois suspeitos, um americano e uma uruguaia, foram presos e acusados de serem os autores dos atentados.

Desde cedo as principais emissoras de rádio e TV dedicaram integralmente sua programação ao assunto. A polícia interditou os locais das explosões, ambas perto do centro de La Paz, e decretou estado de emergência.

Os alvos do ataque foram hotéis de diárias baratas, de entre US$ 15 e US$ 40, normalmente freqüentados por turistas estrangeiros que viajam com mochilas. Em cada ataque foram usados cerca de 15 quilos de dinamite. Durante todo o dia, circularam rumores de que outras bombas explodiriam em universidades e sedes de emissoras de TV e rádio.

Horas depois das explosões, as autoridades anunciaram a prisão do americano Lestat Claudius D'Orleans y Montevideo, de 25 anos, e da uruguaia Alda Ribeiro Acosta, de 45.

A primeira explosão ocorreu as 21h30 (22h30 de Brasília) de terça-feira no Hotel Linares, no centro da capital. De acordo com a polícia, uma bomba foi deixada no quarto de Lestat. Um casal de bolivianos, que estava no segundo andar no hotel, morreu. Oito pessoas, entre elas uma americana, ficaram feridas na explosão que praticamente destruiu o local.

A polícia descobriu que o americano estava resgistrado também em outro local. Ao chegar ao Hotel Riosinio, a polícia encontrou dinamite com o pavio já aceso no interior do quarto alugado por Lestat. O hotel foi rapidamente esvaziado, antes que a bomba explodisse à 1h30 de ontem. Testemunhas forneceram à polícia a placa do táxi que Lestat e Alda usaram em sua fuga. Os dois foram presos uma hora depois num terceiro hotel, em El Alto, a 12 quilômetros de La Paz.

Durante os interrogatórios, Alda negou envolvimento com os atentados, mas incriminou Lestat. "Meu marido é um maldito. Vocês têm de matá-lo. Eu não fiz nada, mas o que meu marido fez é de indignar", declarou.

Na entrevista coletiva na qual os suspeitos foram apresentados, a polícia boliviana indicou que Lestat se registrou no hotel como cidadão saudita. Em algumas fichas de hospedagem, usava nomes falsos.

O general Isaac Pimentel, comandante da Polícia Nacional, disse que não descartava nenhuma hipótese sobre a possível motivação do crime e disse que todos os cenários serão investigados. Lestat e Alda foram apresentados na coletiva, mas não puderam falar.

Durante a coletiva, a polícia mostrou várias fotos, nas quais Alda posava nua sobre caixas de explosivos supostamente usados no ataque.

As provas apreendidas pela polícia tornaram o caso ainda mais complicado. De acordo com Pimentel, o casal teria planejado um atentado contra a embaixada chilena em La Paz no dia 25. Em dezembro, os dois teriam tentado enviar uma carta-bomba a um juiz uruguaio. O atentado, no entanto, foi frustrado pela polícia. Após fugirem para a Argentina, os dois voltaram a entrar na Bolívia em fevereiro. Lestat e Alda também seriam responsáveis por um atentado na fronteira com o Peru no dia 10 deste mês.