Título: Invasores abrem área ocupada no PR
Autor: Roldão Arruda
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/03/2006, Nacional, p. A12

Sem-terra querem mostrar que bens da Syngenta não foram destruídos

Nove dias depois de invadir a unidade de experimentos da Syngenta Seeds em Santa Tereza do Oeste, a 520 quilômetros de Curitiba, o Movimento dos Sem-Terra (MST) abriu as porteiras, ontem, para mostrar que ninguém causou qualquer destruição, como ocorreu na invasão da Aracruz Celulose, no Rio Grande do Sul. Queriam também, com o gesto, convencer o juiz que aceitou a liminar de reintegração de posse, Fabrício Mussi, a rever sua posição.

"Eles estão prestando um serviço à biodiversidade e à geração futura", argumentou o advogado da Terra de Direitos, Darci Frigo. Três dos manifestantes tentaram - sem sucesso - convencer o juiz Mussi, da 1ª Vara Cível de Cascavel, a suspender a liminar, mas este avisou que manterá a decisão, argumentando que o fórum para discutir a legalidade ou não de produtos transgênicos é o Congresso Nacional.

Pela manhã, os representantes da Via Campesina, alguns políticos do PT e a imprensa foram levados aos principais pontos da propriedade. Estufas com soja e laboratórios estão fechados. "Como foram deixados", garantiu o coordenador do acampamento, Celso Ribeiro Barbosa. No campo, há milho verde e seco. A soja transgênica, plantada em 12 hectares segundo o Ibama, começa a florescer. Houve caminhada e discursos de militantes do Brasil, Chile, Indonésia e Costa Rica, entre outros, e foram hasteadas bandeiras do MST e do Paraná.