Título: País mantém ritmo de 2004, diz Castro
Autor: Adriana Chiarini
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/04/2006, Economia & Negócios, p. B8

A economia brasileira pode estar começando uma rota diferenciada e sustentável, a partir do ritmo de crescimento, do aumento da inovação por parte das empresas e do desenvolvimento de especializações. A possibilidade foi apontada ontem pelo diretor de Planejamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Antonio Barros de Castro. "Os fatos estão se insinuando", disse.

Segundo Castro, a economia brasileira tem uma longa história de preparação para o crescimento. "Estamos no 'estado da arte' ou próximo. Por isso, é que temos de entrar pesadamente em inovação ou não avança. Estamos na fronteira", afirmou, acrescentando que o BNDES oferece linha de crédito para financiar a inovação. Como exemplo de especialização brasileira, citou o etanol (álcool). "O etanol é uma economia que vai da cana a biorrefinarias."

Um dos elementos que Castro vê na partida dessa rota é "o impulso expansivo de 2004", que acredita permanecer. Ele prevê que a economia brasileira este ano vai seguir um ritmo semelhante ao de 2004, porém, por questões estatísticas, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deve ser de 4% em vez dos 4,9% daquele ano. Castro se baseia em dados do setor de máquinas e equipamentos, os bens de capital (BK), que constam da Sinopse de Investimento do BNDES, divulgada ontem.

FORA DA CURVA No primeiro bimestre deste ano, o consumo aparente (produção mais importação menos exportação) de bens de capital exceto meios de transporte e tratores, os chamados "BK sem rodas", foi 34% superior ao mesmo período de 2005. Para Castro, isso significa que "as empresas estão se valendo do câmbio apreciado para modernizar-se de forma muito vigorosa em máquinas e equipamentos".

Ele interpreta esse indicador de investimento também como uma prova de que "o impulso expansivo de 2004 permanece" e também de que "quem falou de 'stop and go' disse bobagem: não teve 'stop'". O fraco desempenho da economia no terceiro trimestre de 2005 foi "um tropeço", considera. "O ponto fora da curva é aquele, e não 2004."