Título: Surto de dengue exigiu gasto extra com limpeza em Ribeirão, diz ex-assessora
Autor: Vera Rosa, Lu Aiko Otta, Tânia Monteiro
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/03/2006, Nacional, p. A6

A ex-superintendente do Departamento de Água e Esgoto de Ribeirão Preto (Daerp) Isabel Bordini disse ontem, na CPI dos Bingos, que o aumento da despesa na varrição na cidade, na segunda gestão de Antonio Palocci, em 2001 e 2002, se deve ao fato de a cidade ter sido atingida por uma epidemia de dengue, que obrigou a administração a reforçar o serviço de limpeza. Ela negou que tenha pressionado funcionários da prefeitura a alterar planilhas de varrição e superfaturar contratos em favor da empresa Leão Leão, conforme alguns deles denunciaram a promotores.

Isabel disse que a equipe de Palocci encontrou Ribeirão Preto em situação difícil, necessitando de medidas urgentes para preservar a população da epidemia. "Pegamos uma cidade com epidemia de dengue, muito suja, com muitos problema de limpeza, que tinha 3 mil contratados, cujos contratos venceriam em um mês", alegou. "Colocamos a limpeza como questão de saúde e tivemos de ampliar a varrição."

O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) mostrou a Isabel a diferença dos gastos com a varrição antes e depois do prefeito Palocci. Segundo ele, em 2000, a prefeitura pagou pela varrição de 273 mil quilômetros - ou 22,7 mil quilômetros ao mês. A gestão Palocci foi cobrada pela varrição de 544 mil quilômetros por ano - média mensal de 45,4 mil quilômetros varridos.

Desde janeiro, Isabel ocupa cargo de confiança na Companhia de Água e Esgoto de Brasília (Caesb). Ela é casada com o diretor do Serpro Donizetti Rosa, integrante da chamada república de Ribeirão Preto, como são conhecidos ex e atuais assessores de Palocci.

Isabel afirmou ontem que sua ligação com o então vice-presidente da Leão Leão, Rogério Buratti, era profissional. "Não tínhamos contatos de jantar fora ou de ir à casa dele", alegou. Mas, em gravação tocada na comissão, ela passa a Buratti pontos de conversa que tivera com o "patrãozão". Questionada, disse não se lembrar se estava se referindo a Palocci ou a seu substituto no cargo, Gilberto Maggioni.