Título: Oposição usará Bastos e Teixeira para atacar Lula
Autor: Luciana Nunes Leal e Vera Rosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/04/2006, Nacional, p. A5

O governo e o PT contam com a experiência do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, e com a discrição do advogado Roberto Teixeira, compadre do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para minimizar o desgaste que sofrerão esta semana no Congresso. Teixeira vai depor amanhã na CPI dos Bingos. Bastos falará sobre o papel que teve no episódio da violação da conta bancária do caseiro Francenildo dos Santos Costa, o Nildo. Nos dois casos, o alvo da oposição será o presidente.

Além disso, na quarta-feira, haverá a votação em plenário do pedido de cassação de mandato do deputado José Mentor (PT-SP), aprovado pelo Conselho de Ética. O mais provável é que o petista seja absolvido, passando para 9 o número de deputados suspeitos de envolvimento no mensalão que conseguiram se livrar da pena máxima.

Oficialmente, Roberto Teixeira dará explicações para a acusação de que participava de um esquema de extorsão e caixa 2 para o PT, na década de 90. Mas os ataques irão para Lula, que viveu vários anos em uma casa emprestada por Teixeira, em São Bernardo. "A CPI vai querer aprofundar a relação de Teixeira com o presidente Lula. É um depoimento que chega ao presidente", diz o senador tucano Álvaro Dias (PR), integrante da CPI. "Quando alguém faz um favor, pressupõe uma contrapartida. Existe uma relação de interesse financeiro entre Roberto Teixeira e o presidente."

Márcio Thomaz Bastos dirá que "é absolutamente inverossímil" a informação sobre um suposto suborno de R$ 1 milhão para quem assumisse a culpa pela violação da conta do caseiro. "Não é verdade nem parece verdade", afirma o ministro.

"O ministro Márcio Thomaz Bastos é o advogado da organização criminosa em que se transformou o governo. Ele advoga para o crime", diz o líder da minoria na Câmara, José Carlos Aleluia (PFL-BA).

Amigo de Bastos, o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) diz que foi "uma burrice" dos governistas aceitar o depoimento na Câmara, se prevalecer o convite dos deputados. "É uma loucura, disse isso a ele (Bastos). A Câmara é uma Casa sem controle, ninguém respeita ninguém. Mas ele disse que não queria parecer estar se negando a comparecer", conta ACM.

Bastos mostra que reagirá com indignação a qualquer insinuação de que participou da suposta tentativa de suborno para acobertar a responsabilidade de autoridades como o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci na quebra ilegal do sigilo de Nildo. O ministro contará que avisou Lula sobre a gravidade do caso seis dias antes de Palocci. Dirá, porém, que o governo não podia sustentar então que o ex- ministro da Fazenda participara da violação dos dados de Nildo.