Título: ACERVO DE 30 MIL OBRAS PRINCIPAIS EVENTOS
Autor: Gina Marques
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/03/2006, Vida&, p. A26,27

Principais aquisições ocorreram no século 18 e grandes perdas foram contabilizadas por saques de Napoleão

16 de março: Serão apresentadas novidades do Museu Cristão, fundado em 1756-1757 por Bento XIV. A exposição reúne objetos encontrados em catacumbas e antigas igrejas romanas

27 de abril: Será apresentada a conclusão da restauração das pinturas nas paredes da Sala dos Mistérios, feitas a pedido do papa Alexandre VI. Os afrescos de 1493 haviam sido cobertos com outras pinturas no século 19

20 de junho: Serão abertas as seções da China, Japão, Coréia, Tibete e Mongólia do Museu Missionário Etnológico, fundado em 1926 pelo papa Pio XI

Setembro: Haverá a emissão filatélica com selos do V centenário dos Museus do Vaticano

12 de outubro: Será aberta pela 1.ª vez ao público a nova área da Necrópole Romana (séculos 1.º a 3.º d.C.). As sepulturas foram redescobertas em 2003 durante escavações para um estacionamento

16 de novembro: Será inaugurada a grande mostra de Laocoonte, com obras de outros museus

13 a 16 de novembro: Na conclusão das comemorações, uma convenção reunirá especialistas internacionais para debater o futuro dos museus no mundo

Os Museus do Vaticano foram se instalando nos palácios construídos por papas e ganharam vários acréscimos ao longo dos séculos. O corredor projetado pelo artista Bramante, por exemplo, foi encomendado por Julio II em 1512 para ligar o Palácio de Inocêncio VIII (1484-92) à cidade. "Até então, os papas percorriam esse majestoso corredor a cavalo", diz Cristina Gennaccari, especialista em História da Arte dos Museus do Vaticano.

Após a fundação, as principais contribuições vieram no no século 18. No pontificado de Bento XIV (1740-1758), na Biblioteca do Vaticano foram reunidos objetos paleocristãos que deram origem ao Museu Sagrado da Biblioteca Vaticana (1756). Seu sucessor, Clemente XIII (1758-1769), preferiu a arte clássica e criou o Museu Profano da Biblioteca Vaticana (1767).

Para proteger o valioso patrimônio, Clemente XIV (1769-1774) e Pio VI (1775- 1799) usaram as passagens que ligavam o Palácio do Miradouro ao Palácio Apostólico para formar a Galeria dos Quadros, aberta em 1790. Depois de quase um século, foi convertida na atual Galeria das Tapeçarias. Os dois também encomendaram o Museu Pio Clementino (1793) para abrigar importantes obras de arte gregas e romanas.

Os museus sofreram uma grande perda com Napoleão Bonaparte. O tratado de paz com a França, também conhecido como Tratado de Tolentino (1797), estabeleceu que obras de arte do Estado Pontifício migrassem para o Museu do Louvre, em Paris. Após o Congresso de Viena, em 1815, que determinou o fim do Império Napoleônico, muitas obras voltaram, mas não todas.

No século 19, o patrimônio voltou a crescer. O papa Pio VII (1800-1823) comprou novas obras e criou o Museu Chiaramonti (1808), a Galeria Lapidaria (1810) e o Braço Novo (1822). Em seguida, o papa Gregorio XVI (1831-1846) abriu o Museu Gregoriano Etrusco (1837), com tesouros encontrados nas escavações de tumbas dessa civilização pré-romana; a Galeria das Tapeçarias (1838); o Museu Gregoriano Egípcio (1839) e o Museu Gregoriano Profano (1844), no Palácio Apostólico Lateranense. Pio IX (1846-1878) deu continuidade aos projetos fundando o Museu Cristão (1854) e o Lapidário Cristão (1877).

No fim do século 19, o papa Leão XIII (1878-1903) criou o Lapidário Profano (1890). Já no século 20, o papa Bento XV (1914-1922) abriu a Sala Judaica (1915) no Museu Cristão e o papa Pio XI (1922-1939) criou o Museu Missionário Etnológico (1926). Em 1932, foi inaugurada a nova sede da Pinacoteca e a atual entrada para os Museus do Vaticano.

O papa João XXIII (1958-1963) quis que os Museus Lateranenses fossem transferidos ao Vaticano. Entre 1970 e 1973, foi inaugurado um edifício erguido por ordem de Paulo VI (1963-1978) para abrigar a Coleção de Arte Religiosa Moderna, em 1973.

Naquele ano, também foi fundado o Museu Histórico Vaticano, transferido ao Palácio Apostólico Lateranense em 1987 e inaugurado em 1991, no pontificado de João Paulo II (1978-2005). Em 7 de fevereiro de 2000, durante o Jubileu, o papa inaugurou outra entrada, chamada de "porta nova".